quarta-feira, 2 de outubro de 2019

O melancólico soneto do fim



A vida se faz em muitas cores.
Multiplicando dados e emoções as quais vamos acumulando em nossas caminhadas grão após grão.

Parece uma corrida longa,imensa daquelas onde tem-se de administrar o fôlego para mais adiante perceber que estamos apenas iniciando mais um breve correr ao léu, em busca de algo que queremos e nem bem sabemos o que é.

A vida é por muitas vezes confusa.
Criamos expectativas,sonhos,realidades que podem ser paralelas,opostas,dignas de um gigantesco e crível best seller.

Mas ao viver deixamos apenas um livreto, um amontoado de palavras mal redigidas que não nos permite nem mesmo entoar mais que duas ou três frases antes que se chegue ao esperado clímax.

As cores antes obtidas com facilidade vão se tornando cinza, mas pera lá,quem disse que o cinza é ruim? É uma cor como todas as outras a colorir nossas nuances,mas talvez lhe falte a alegria presente em cores mais vibrantes.

Do cinza vamos lentamente caminhando ao preto. Ao escurecer de algo que antes era tão solar, tão vivo.

O mundo se perde, amizades se destroem e belas relações virão um contato aqui e outro ali até que tudo se esvaí por entre os dedos até o ralo da vida.

Quem perdeu? Quem ganhou? Há uma maneira de empatar, correr atrás do resultado? Quem vai seguir no páreo enquanto paredes são erguidas uma atrás da outra até que não se consiga mais correr em direção sabe-se lá de que.

O fim chega, inevitável, implacável, pronto para estampar a sua face durante a perda daquela rotina prazerosa, colorida,alegre e bem diferente de toda a melancolia presente na atual fase final de todas as cores.

Há retorno? Talvez
Há possibilidade de novos rumos que indiquem cores difusas mescladas entre o colorido e o monótono cinza, pessoalmente não sei.

É preciso correr. 
É preciso caminhar a passos largos para uma caminhada lenta surtir efeito.

O percurso é intenso, mas necessário.
O aprendizado do que se faz,do que se fala,do que se questiona sempre muda, mas os fins nem sempre vão justificar os meios.

Fato é que a vida não para. O tempo não estaciona para que você procure suas cores e torne novamente o seu mundo colorido.