terça-feira, 18 de agosto de 2020

Quanto vale uma decisão?

 





Foi vendo uma postagem de uma amiga no Twitter que me abriu a cabeça para um tema tão debatido,quanto controverso na sociedade brasileira.

A pena de morte é algo que hoje muitos avaliam como a solução para o fim da criminalidade desenfreada, para o fim de bandidos a solta, já que os mesmos temeriam por sua vida diante de um crime banal e que poderia lhe conceder o aterrorizador destino inevitável de todo os seres vivos.

Na postagem muito bem elaborada por minha amiga no Twitter e citada no primeiro parágrafo deste texto minha amiga exemplifica que  a nossa sociedade (Brasil),não está preparada para definir quem ou o que deve ser condenado a morte por seus inúmeros casos de corrupção e um sistema judiciário que julga com pesos e medidas diferentes. 

Claro que aqui estou expandindo o tweet da minha colega para que possamos tentar observar uma opinião da qual eu concordo genuinamente tendo em vista que julgamos por muito pouco em nosso dia a dia, como então julgar casos graves, onde realmente deve haver uma punição exemplar se não conseguimos julgar coisas simples,crimes comuns e passíveis de penas mais brandas que por muitas vezes podem acabar por condenar inocentes que não teriam recuperação já que a morte não nos permite volta.

Atualmente não são poucos os países que adotam dentre as suas punições judiciárias a pena de morte,entre eles países de primeiro mundo como os Estados Unidos,mesmo que apenas alguns estados.

Ser um país de primeiro mundo pode sim qualificar se o poder judiciário do mesmo é capaz de distinguir se em casos de crimes em específico, como espionagem,assassinato,corrupção política e também o estupro,apenas para ter como exemplo casos mais relevantes e que chocam mais aqueles que acompanham os casos.

Tendo como base o estupro voltamos ao nosso país, onde de forma trágica temos acompanhado diariamente o caso de uma criança de dez anos que era abusada a alguns anos pelo tio que ao ser preso teve o impulso, ou sabe-se lá como definir tal ato de solicitar também que o avô e um outro tio façam exames para saber se também poderiam ser responsáveis por esse ato brutal.

Além disso o caso atingiu picos de discussão colossais quando grupos religiosos e pessoas de mente nefasta jogaram a criança aos leões e de forma incisiva lutavam para que ela mantivesse essa gravidez,mesmo após a decisão da justiça para que a mesma interrompesse a gravidez como foi feito.

Como pai me vejo em intensa raiva contra seres como estes que abusavam de criança num país que abre discussões tão imbecis como se uma criança,sim,uma criança de dez anos possa ou não dar fim a uma gravidez.

Tal discussão não deveria ser aberta, pois não há concepção comum que possa fazer se tornar aceitável que uma criança dessa idade tenha pra si uma gravidez,um filho fruto de algo que possa lhe trazer consequências psicológicas por toda a vida.

Contudo,como não desejar o fim de um tio que faz tal ato? Como não desejar que esse cara sofra sanções e punições extremas para um caso tão sofrido pra todos nós.

Fica complicado dizer quem seria o melhor julgador de tal caso e se realmente há alguém capaz de não tomar uma decisão consciente e certeira. 

Não há explicações para o tio e na minha visão não há o por quê de membros de um conceito formado de religião que possa decidir pela criança,algo que ela não deveria decidir,passar ou tampouco ter como referência.

O país agora entra em choque. Choque para decidir como será o futuro de uma criança tão ferida e machucada? Como será o futuro de um tio que teve a capacidade de fazer tal ato ?

São milhares de mulheres que são estupradas diariamente dentro de suas casas, no seu ambiente de trabalho,pela rua afora. São milhares de crianças que sofrem diariamente abusos de pessoas próximas,de um conhecido dos pais, de pessoas com as quais elas nem mesmo tem contato.

Não há posição política capaz de julgar
Não há posição religiosa capaz de julgar
Infelizmente estamos de certa forma atados sem poder e sem dever algum de decidir o futuro para o bem ou para o mal de envolvidos em histórias que não são as nossas,mas que nos atingem como se estivessem ao nosso lado,atrelados as nossas mentes e corações por se identificar com histórias e pessoas que passaram por isso, ou que conhecem alguém que passou por isso.

Está aberto o debate. E por mais que ouçamos opiniões tão degradantes sobre temas como os citados nesse texto é preciso ouvir e debater para que tabus caiam e possamos formar melhores opiniões de nossa parte e também para que possamos orientar e detectar de forma mais clara e límpida situações como essas que devem ser evitadas.