sexta-feira, 30 de novembro de 2018

Por que perdemos alguém



É natural que pelo menos uma vez na sua vida você tenha tido uma paixão avassaladora,daquelas onde a cada aproximação da pessoa as borboletas passeariam pelo seu estômago e o ar ficaria rarefeito enquanto o coração parece querer sair pela boca.

Falar uma frase que faça sentido parece cada vez mais difícil e a sua vida basicamente se resume aquela pessoa. É uma questão de tempo para que os seus pensamentos e a sua vida girem apenas em torno de um único motivo.

Vocês passam a ter os mesmos gostos culinários,passam a ouvir as mesmas bandas,frequentarem os mesmos lugares e mesmo que demore um pouco lá estão vocês engatando um namoro.

Talvez seja o rótulo de namoro,mas é fato que de uma hora para a outra a felicidade vai acabar por dar lugar a uma pequena fração de insegurança que poderá aumentar gradativamente até o tamanho de um gigante. E ai vai dar certo?

Ao cometermos o erro de se perguntar repetidamente sobre o sucesso de uma relação criamos para nós a ideia de que realmente não vai dar certo, fabricamos para nós mesmos o fim de nossa felicidade.

Por culpa de nossas influências aprendemos que o amor de verdade bate a porta apenas uma vez, seja pelos filmes românticos,casais apaixonados que acompanhamos em livros que nos incentivaram a ler ou até em contos de fadas onde os príncipes ou se livravam de serem sapos por toda a vida ou do feio e incapaz que conquistava a bela princesa que poderia ora ser salva da torre mais alta ou das mãos de uma madrasta malvada.

Das novelas aprendemos que muitas vezes,se não todas o amor deve surgir a primeira vista,se não vindo a tona de uma só vez ele deve acender ao menos uma faísca onde se perde o fôlego a cada respirar da outra pessoa.

Ilusão ou não, é um tanto egoísta imaginar que a pessoa nasceu apenas para ser sua,apenas para estar com você.

É essa a fonte de onde a insegurança faz morada e se alimenta: A dúvida da reciprocidade, o simples fato de duvidar ou não saber se a pessoa sente o mesmo que você como se fosse possível medir o amor em uma escala ou em uma régua enorme.

A partir daí começa um caminho quase sem volta onde a pessoa sempre estará errada,não gosta tanto de você e provavelmente deve estar em outros braços logo logo,se já não está agora,nesse momento.

Sorrateiramente passamos a imaginar coisas,entramos numa paranoia complexa onde toda a calma e paciência para com o relacionamento e amor que sentimos ou um dia pensamos sentir.

As borboletas no estômago dão lugar a insegurança,o ar rarefeito cede espaço ao ciúmes e aí qualquer sorriso a mais vira tempestade,qualquer aperto de mão se torna um dilúvio. "Já pensou se fala assim com todos?"

O que era leve ganha peso,o que era fácil se torna difícil,imagina então o fardo de não compreender o outro lado,de não saber o que se passa e ao mesmo tempo receber uma pressão quase obsessiva,uma pressão excessiva sobre aquilo que deveria ser comum,rotineiro.

Um pouco de ciúme é bom,apimenta a relação,evita que caía na mesmice e por hora até mesmo reforça o sentimento existente entre as pessoas,contudo,cansa,uma hora extrapola e aí não há sentimento por maior que seja que resista a tamanha quantidade de problemas,tamanha pressão,tamanha imprecisão de sentimentos.

Vivemos em uma sociedade que valoriza o homem que transa com todas e crucifica mulheres dona de seus corpos e que repercutem as suas opiniões e decisões,nesse cenário são muitos os casos onde os homens principalmente usam de diversas artimanhas para duvidar da fidelidade de sua parceira ou para julgar um passado que ela teve ou até não teve enquanto justifica internamente as suas más atitudes.

Todos temos um passado,glorioso ou não ele está lá e ao contrário de um filme onde tudo só é revelado após o clímax ou quando se entra em cena,na vida tudo é posto a prova,as coisas acontecem num ritmo alucinante e sem espaço para intervalos comerciais.

quinta-feira, 29 de novembro de 2018

Meu "Querido" Ex.Doc (40)


(Todo mundo já teve um ex não é? Sendo assim,boas e más lembranças dos relacionamentos passados serão contados aqui no Meu "querido" ex, afim de relembrar, rir e chorar de boas histórias relatadas por pessoas que de forma anônima ou não se despuseram a contar suas vidas sem qualquer custo. A todos o meu MUITO OBRIGADO)

"Tive dois casamentos,uma filha para cada casamento,acredito que o amor não seja daquelas coisas que você chegue e encontre em cada esquina. Você pode encontrar um cara pra ficar ali no barzinho,dar uns beijos gostosos,pra te comer então é mais fácil ainda,mas amor não,esse é diferente.

Fui apaixonada pelos meus dois maridos,mas a relação se desgastou e acabou. Minhas filhas tem uma diferença considerável de idade,então cheguei numa idade da vida em que eu não achei que iria me apaixonar novamente.


Lembro que estava em um dos barzinhos que eu gosto de frequentar quando ele surgiu com mais dois amigos. Não demorou muito pra ele sair da mesa dos amigos e vir pra minha puxar papo e tentar me arrancar um sorriso.


Muito brincalhão,muito falador,ele é daqueles que quer sempre te convencer de tudo,te fazer se sentir a melhor mulher pra dar o bote.


Eu não resisti muito admito,gostei do papo dele,achei que seria só mais um cara de uma noite e logo vi já estava na rede dele,de quatro pela conversa daquele cara e andando para cima e para baixo de mãos dadas como uma menina boba.


A fama dele corria longe,mas pouco me importava,afinal a minha fama também não era das melhores e se de mim não se podia acreditar em tudo o que falavam,melhor não acreditar em tudo o que falavam dele também.


Conheci família,levei minhas filhas lá e logo notei que não poderia ficar sem aquele a quem eu passei chamar de "vida".


Na época eu não estava bebendo,reflexo de um problema que eu havia tido no carnaval onde fui pega numa blitz e acabei perdendo não só a carteira como também passei o maior carão por causa da bebida.


Mas aos poucos,na companhia dos amigos dele eu tomava uma latinha de cerveja sem álcool aqui,outra acolá,coisa pouca mesmo,apenas para acompanhar ele e os amigos sem a necessidade de apenas fazer sala para todos.


Tinhamos toda a receita de um casal explosivo,passamos a beber juntos,a sair cada vez mais juntos,a brigar muito,fosse por ciume das duas partes ou por qualquer outra coisa,assim como tínhamos um tesão de fazer diversas loucuras para saciar a vontade que tínhamos um do outro.


Só que passamos a nos desentender demais,a cada vez mais perder o controle,brigar e ficar dias sem nos falar até que batesse um fraco mais da minha parte do que da dele e voltássemos as boas.


Foram tempos de um namoro de altos e baixos,de uma intensidade incrível onde eu sempre cedia ou era convencida a ceder por que estava loucamente apaixonada. Montamos uma vida juntos,minhas filhas tinham acesso a casa dele,eram tratadas de uma forma maravilhosa,chegávamos até a trocar os carros para que ele usasse o meu que é mais econômico para rodar.


Chegou então o carnaval,vinhamos de um bom tempo sem brigas até que passamos o dia em um bar e depois seguimos para um carnaval no bairro Santa Tereza,meu carro havia ficado na porta da casa dele e aí no meio do carnaval ele simplesmente disse que ia embora e voltar pro bairro.


Só que ele decidiu isso quando eu tinha saído para ir ao banheiro,logo ele me deixou para trás e eu cega fiquei preocupada dele ir com os amigos enquanto eu tinha ficado para trás,resultado,voltei de Uber para o bairro e para o barzinho para onde ele teria vindo.


Quando cheguei no barzinho perguntei para alguns amigos se ele tinha aparecido por lá,ou se já tinha chegado,mas nada dele,não atendia minhas ligações e nem nada,de tão desesperada que fiquei acabei até brigando com uma amiga minha no lugar e de quebra perdi a amizade.


Desci e ele abriu apenas pra me entregar a chave e me dizer que não me queria mais lá e que eu só tinha que pegar as minhas tralhas que estavam na casa dele,mas que ele mesmo juntava.


Nem minhas cadelinhas shit zu ele me deixou pegar,mas claro que eu não ia deixar as coisas assim.


Fui até lá e passei a ligar pra ele pra pegar as cachorras,mas nada dele atender,daí comecei a fazer escândalo,pois sabia que ele estava em casa por quê o carro dele estava na porta,além disso as luzes estavam acesas e os cachorros latiam por que ouviram a minha voz.


Demorou muito,mas ele abriu e mais uma vez se recusou a devolver os cachorros,gritei,esperneei,xinguei muito e até ameacei ir a polícia contando que ele era usuário de cocaína e que constantemente fazia festinha regadas a drogas na casa dele.

Verdade era que esse uso de drogas ele nunca se deixou pegar usando e era apenas uma desconfiança minha,já que direto durante o namoro eu o via com os olhos muito vermelhos e mais agitado e nervoso do que o normal,para logo em seguida cair em pranto como um bebê.

Ele se fez de vítima,mas vendo que o escândalo não pararia e que eu seguiria em frente com a denuncia a polícia deixou que eu levasse os cachorros.

Não nego,sofri,mas sofri muito,assim que virei a casa da rua dele eu custei a chegar em casa chorando por todo o amor que eu tinha por aquele homem que jamais imaginei gostar tanto assim,pelo tanto que me senti usada,enganada e feita de boba mesmo após tanto jurar que não seria.

Ele covarde como sempre passou a falar mal de mim na roda de amigos,pelo bairro,logo arrumou uma,duas,três mulheres diferentes,casinhos,pegadas para comer em dia frio ou outras para tentar tomar um dinheiro que ele não tem e nem nunca teve,mas que fingi ter após torrar boa parte da herança do pai que ainda é vivo e permite que ele more na casa da família.

Com uma dessas tolas que ele enganou assim como eu,logo ele passou a chamar também de vida,logo ele também deu um jeito de arrumar cães da raça shit zu. Tudo para se fazer passar por um cara alegre,brincalhão,um cara família frente a todos. Balela.

O príncipe voltou a ser o sapo,sapo esse que nunca deixou de ser e apenas se maquiou o suficiente para que pudesse me enganar por alguns meses."

quarta-feira, 28 de novembro de 2018

Não se ponha no meu lugar



Chega certa altura da vida onde você de fato perceberá que estar nesse mundo não é nem de longe uma coisa fácil. Quando crianças ainda que por um breve momento chegamos a acreditar que a vida é bela ou doce com um sorvete,mas abrindo as portas do mundo adulto vemos que não é bem assim.

Em meio a tanta vida acabamos por passar inevitavelmente por tristezas,decepções, dúvidas e certas amarguras que não vão passar da água pro vinho ou simplesmente com o raiar do dia.

Dessa forma acabamos presos a um determinado sentimento,seja lá a forma que ele for e recebendo seus prós e contras das formas mais variadas e por difusos espaços de tempo.

E se concluímos que nem nós mesmos compreendemos nossas sensações sobre a vida o que dizer sobre as outras pessoas. Claro que podemos dividir para os nossos as nossas angústias e o que nos aflige,mas infelizmente não será sempre que isso vai solucionar a nossa preocupação,para falar a verdade, na grande maioria das vezes haverá um aumento da ansiedade,uma propagação do problema.

Mais do que aprender a descobrir o que nos aflige e compartilhar. É saber com quem estamos compartilhando nossos sentimentos.

Afinal estamos ali de peito aberto,nos expondo e muitas vezes dando apenas murro em ponta de faca,já que a outra pessoa pouco se importa se vamos nos dar bem ou mal.

Nascemos para ser julgados e mesmo que não queiramos ser,um dia seremos. Os nossos julgadores morais são implacáveis inclusive,dotados de técnica pouco ortodoxa,muitas vezes questionável para um novo julgamento mais adiante,porém com um novo réu.

Acredito que foi meio que nessa toada que me tornei mais ouvinte do que propriamente falante. Não que eu não tenha a opinião a dizer,claro que sei bem me expressar sobre o que eu ouvi,mas entendi que nem sempre quem fala quer ouvir uma opinião,muitas vezes a pessoa está ali apenas para ser ouvida,para impor o seu lugar.

São variadas histórias,cabeludas ou não,não nos cabe julgar tendo em vista que não é a minha história,mas sim a de outra pessoa que se entende melhor com a situação em que está do que eu que apenas ouvi e estou vendo de fora.

O fato de apenas ouvir as pessoas sem emitir diretamente uma opinião não te faz menor do que ela,mesmo que seja algo totalmente controverso a seus ideais,será mais cabível você primeiro ouvir,ponderar os pontos para só então emitir a sua opinião e entendendo que muitas vezes a pessoa lhe deu ali uma opinião dela,única e exclusivamente.

Ao abrir o coração ou ao contar histórias para alguém, vemos ali a força das palavras,ditas as vezes de forma clara,direta ou subliminarmente. Tem quem fale apenas com o olhar e que deseje de forma ardente ser compreendido e não repreendido por um caminhão de novas palavras em contraponto a seu dizer.

Livre Arbítrio,opinião própria,são diversos fatores que vão carregando as pessoas de experiências próprias e que não podem avaliar ou dimensionar o que uma outra pessoa passou ou vive.

Existem jovens com mais experiência,vivência e rodagem do que muitos senhores de cabelos brancos,existem pessoas que não viveram e que vão teorizar muito para fazer da sua experiência a experiência dele. Isso não é resolução de problema,não é apontar um caminho,mas sim,comparar com o que já foi vívido e inflamar ali uma nova opinião.

Precisamos falar,fomos feitos para isso,mas como dito,precisamos saber a quem falar e a quem recorrer,até para que não percamos de vez a essência,o crédito total de que o ser humano pode fazer isso ou aquilo,até para que o nosso coração se acalente e perceba que pra tudo tem um jeitinho, desde que se saiba com quem se pode contar.

segunda-feira, 26 de novembro de 2018

Saudade faz lembrar



O mundo é bem pequeno se visto pelos olhos da saudade,ela encurta espaços,aproxima aquilo que está longe,quando ao mesmo tempo ela lhe lembra que você não tem ou não está mais perto o suficiente daquilo que sente falta.

Talvez por isso não gostemos de sentir essa saudade.
Talvez por isso não queiramos sentir a saudade que sentimos.

O que dizer então do medo que sentimos quando ela vem nos visitar antes de dormir.

Aí que bom seria se toda saudade fosse passageira,ou tivesse apenas o ardor de um beijo curto,daqueles que nos toma e faz parecer contínuo,eterno.

Será que é tão difícil assim que naquele mínimo espaço entre o amor e a saudade exista apenas a alegria de termos vívido o que hoje sentimos falta.

Andamos todos os dias de mãos dadas acompanhados por um belo lar a qual chamamos de vida, mesmo assim nos perdemos dela algumas vezes e nos faltam dizeres para que possamos encontrar o rumo de volta para junto dela.

Os sentimentos se ressaltam,dão um tempo ás vezes,noutras vem logo de imediato e ficam em uma oscilação de ida e volta. Passamos a temer nossos sentimentos, passamos a temer que os sentimentos presentes hoje em nossa vida se percam da gente e deixem de existir ou que simplesmente não nos acompanhem mais.

Somos amor, gostamos de ser,mas não gostamos de não sentir esse amor, logo tememos ser saudosos do amor. Assim é com o amor,assim é com todos os outros sentimentos que nos adentram.

Lutamos contra nós mesmos,contra o que sentimos e entramos numa perdida batalha contra o tempo, onde tentamos com que o passado se torne o presente e que o futuro se torne a representação de um presente que sonhamos. Confuso não é?

Confusão se dá por que o passado não vai voltar. 
Por mais que criemos um cenário semelhante,afinal igual nunca será.

O mundo não permite. 
O tempo muito menos.

Então passamos a não entender. Passamos a não compreender e nem ao menos tentar entender.

Aos poucos então deixamos de expressar os sentimentos. Não por que não sabemos sentir,mas sim por temer que o sintamos.

Dessa forma os represamos dentro de nós,algumas vezes o revelando com os olhos, noutras dizendo uma ou duas palavras perdidas,mas o que importa? 

Podemos ser visita,podemos ser moradores,mas seremos sempre o abrigo de nossos sentimentos e vez ou outra abrigaremos ainda uma pequena grande porção de sentimentos alheios.

Ah como eu queria me dividir,multiplicar corações de modo que nosso coração tivesse como única função não física,amar e que se desse, por ventura um outro existisse ou pudesse ser reservado para uso vez ou outra,este também seria responsável apenas por amar.

sexta-feira, 23 de novembro de 2018

O alto preço da honestidade



Era comum quando crianças que nossos pais nos dessemos inúmeras formas de se praticar a honestidade para com eles e também para com os nossos coleguinhas. Ensinavam a não mentir,não trapacear,diziam que podíamos mexer apenas nas nossas próprias coisinhas e que mexer nas coisas dos outros era feio.

Pode ser que algum dia você tenha levado por engano um lápis ou uma borracha do coleguinha por engano ou por mero esquecimento de devolver e lá estavam nossos pais a afirmar que logo que o avistássemos o dono o objeto deveria ser devolvido,quando já não o avisávamos por telefone assim que o objeto era descoberto.

Havia ainda a bendita lógica do achado não é roubado que a todo o custo nossos pais se esforçavam para evitar que adquiríssemos. Eramos incentivados a manter uma postura correta,retilínea diante da sociedade e pouco importava se tínhamos muito ou pouco dinheiro. Ser honesto era mais do que um troféu,ou um rótulo,era obrigação.

Ainda pequenos,acreditávamos que todas as crianças eram educadas da mesma forma,seguindo as mesmas regras que se quebradas causariam punições diversas e das formas mais horrendas que uma criança poderia imaginar.

É realmente uma lástima que nem todos os pais fizessem isso,lástima maior ainda pensar que a honestidade,tida como obrigatória para a família de alguns foi relegada ao canto de alguns lares.

Existem aqueles a qual a honestidade se tornou um artigo qualquer,daqueles que pouco importa a sua utilização ou não,de forma que socialmente as pessoas se tornem reféns de atitudes pouco admiráveis e as quais acabam sendo tidas como comuns aos olhos de todos a ponto de já não indignar mais aqueles que foram programados para ser honestos.

São pequenas coisas. Um troco a mais embolsado aqui,sentar-se na cadeira do idoso e fingir um cochilo,carregar uma criança que não é sua para ganhar a preferencial das filas e a imensa vontade de ser mais do que os outros, a grossa mania de levar vantagem para casa,independente do que ela acarreta.

A honestidade cobra um preço alto, preço esse que as pessoas comuns não querem pagar ou fingem esquecer. 

Vale lembrar que estamos aqui a citar apenas aqueles pequenos gestos, fragmentos menores de desonestidade sendo que não será preciso citar aqui atos políticos, já que neles a desonestidade impera sem deixar de ser tão nociva e tóxica quanto os pequenos gestos.

Conta-se uma leve mentira aqui, se faz de rogado ou de bobo por outro lado e logo passamos a crer na mentira contada como se de alguma forma mágica ela tomasse forma de verdade absoluta, ou uma verdade torta, mas isso não acontece.

A criação de todo um enredo onde a mentira se encaixe pode aliviar a consciência por um ponto,mas não perdura, já que as pernas da mentira não a levarão ao longe e um dia ela será alcançada pelas longas pernas da verdade. Precisamos fazer da honestidade algo a ser admirado,mesmo que não exista quem a admire no momento,ainda que não existam para nós benefício em ser honesto.

Precisamos fazer com que a honestidade se torne de novo não algo obrigatório,mas que seja algo comum,algo a ser feito e que nossas crianças entendam isso para que transmitam a seus filhos e depois aos filhos dos filhos.

Honestidade sim deveria ser contagiosa,ou pelo menos herdada no nosso DNA,quem sabe assim não seria necessário a vida ser tão dura e nos punir com suas rasteiras. Para que o mundo vire um lugar mais admirável é melhor que a honestidade passe a vir de berço e que o preço por ela,mesmo que alto seja pago,dessa forma sempre sobrará um troco para nossos descendentes pagarem o preço deles em ser honesto de verdade.




quinta-feira, 22 de novembro de 2018

Meu "Querido" Ex.Doc (39)


(Todo mundo já teve um ex não é? Sendo assim,boas e más lembranças dos relacionamentos passados serão contados aqui no Meu "querido" ex, afim de relembrar, rir e chorar de boas histórias relatadas por pessoas que de forma anônima ou não se despuseram a contar suas vidas sem qualquer custo. A todos o meu MUITO OBRIGADO)

"Depois de um tempo de vida, uma mulher acaba por se acostumar a não procurar o príncipe encantado que vai vir te buscar num cavalo branco e te fazer ter um final daqueles de conto de fadas,felizes para sempre.

Após a decepção com o pai da minha filha eu meio que desisti de acreditar nos homens,mas o que não significa que eu não possa ficar com eles ou tentar uma relação,mas na época eu estava ainda mais descrente dessa ideia do que hoje.


Eu trabalhava numa fábrica de tecidos perto da casa onde eu morava e por morar perto eu ia andando até lá. Certa vez do nada um cara que estava fazendo caminhada sozinho passou por mim e mexeu comigo,mas eu não dei muita ideia.


No dia seguinte, lá está o cara passando por mim novamente e mexendo e assim foi por quase duas semanas,até que um dia não sei por quê exatamente ele falou algo que me fez rir e olhar ele passando.


Foi quase que uma senha pra ele me parar e perguntar quase minha vida inteira enquanto me seguia até a porta do meu trabalho.


Passei pra ele o meu telefone e já combinamos de sair pra comer uma pizza e tomar uma cervejinha.


Dito e feito,ele me ligou,mas minha filha acabou por não ir pra casa do pai então falei com ele que não daria pra ir,afinal minha filha estaria junto e tudo.


Ele foi muito solícito e de imediato estendeu o convite pra minha filha,assim com imensa tranquilidade e de forma efusiva.


Para um primeiro encontro foi algo meio diferente,afinal acho que minha filha nunca havia participado de nenhum encontro meu,então foi meio que ele tentando bater papo com a minha filha e ao mesmo tempo usando de bom humor para dar em cima de mim.


E admito,ele me fez rir muito aquele dia,enquanto minha filha embora estivesse gostando do jeito dele tentasse a todo custo se manter séria como se estivesse impaciente.


Passamos após isso a sair algumas vezes durante a semana,outras nos fins de semana e por algumas vezes eu o convidava para ir até a minha casa para bater papo,jogar conversa fora,mas até então ainda não havíamos ficado nenhuma vez.


Me lembro que só fomos ficar a primeira vez quando ele me chamou para uma espécie de resenha na casa dele com alguns amigos e após alguns drinques e muito bate papo finalmente me entreguei.


Não demorou muito para que iniciássemos um namoro,famílias apresentadas,minha filha curtindo o padrasto,eu sempre indo a casa dele,ele muitas vezes dormindo na minha casa.


Ia tudo muito bem até que passei a notar atitudes um pouco estranhas que acabavam por resultar em discussões por ele não concordar com a minha opinião.


Batíamos de frente mesmo. Ele sempre falante tinha mil e uma explicações para o que quer que seja e se agitava de um lado para o outro quando eu era contrária a ele.


Tanta agitação passou a me fazer crer que ou eu estava sendo chifrada ou ele usava cocaína,o que também não impedia que as duas coisas estivessem ocorrendo.


Brigas intermináveis até que a mãe dele veio a falecer.


Ele,filho mais novo foi talvez aquele que mais sentiu o baque e o ajudei muito a superar o momento até por que a mãe dele era uma pessoa muito querida por mim,mas acredito que foi após a mãe dele que ele mudou ainda mais o comportamento.


Foram muitas vezes em que ele chegou alterado na minha casa. Inicialmente acreditei que ele estava apenas bêbado,talvez ainda muito abalado pela morte da mãe e talvez por isso eu não quis acreditar naquilo que estava diante dos meus olhos.


A gota d'água foi quando marcamos de ir em uma festa de aniversário de um sobrinho meu. Marcamos ás oito horas na minha casa para ir até lá e ele simplesmente desapareceu,sumiu,evaporou.


Não atendia minhas ligações,mensagens e na casa dele ninguém sabia dizer onde ele estava.


Com muita raiva fui para a casa do meu irmão a pé com a minha filha para ir até o aniversário e ele sem me responder. 


Cheguei por volta da meia noite em casa e pouco depois que a minha filha dormiu escutei alguém me gritando do lado de fora de casa. Vi que era ele,mas estava com muita raiva para atender sendo que ele nem se dignou a me ligar antes.


Mas ele não desistiu e cada vez mais passou a esmurrar o portão.


Na época eu morava numa espécie de lote com mais três casas,sendo a minha a penúltima casa,logo a chance dele acordar as outras pessoas do lote e a vizinhança aumentava a cada grito que ele dava.


Resolvi sair e a pessoa que eu vi ali realmente me fez lembrar o por quê eu não acreditava e não acredito mais nos homens.


Sem camisa,apenas com uma bermuda,carro aberto com o som ligado,agitado a mais do que o seu normal e os olhos totalmente avermelhados.


Ele veio logo querendo entrar,mas foi impedido por mim,primeiro pelo horário,segundo pela raiva,terceiro pelo estado de transtorno em que ele estava.


Disse adeus e mandei ele embora.


Foram milhares de ligações até que decidi desligar o telefone.


Na manhã seguinte ele já estava na minha porta tentando uma reconciliação,resolvi não ceder até que três dias depois recebi uma ligação da irmã dele a quem eu tinha muita consideração.


A irmã dele me disse que eu fazia muito bem pra ele e que eu deveria ficar com ele e de certa forma me convenceu a reconciliar.


Como toda volta de namoro,foi tudo lindo. Ele voltou a ser brincalhão e parou de sumir ou de aparecer transtornado na minha casa,até por quê ficava praticamente o tempo todo por lá,exceto quando estava trabalhando.


Contudo passei a reparar que todas as vezes em que eu chegava na casa dele para os encontros da família havia meio que um segredo entre eles para que eu não escutasse.


De início tudo bem,afinal a matriarca da família tinha morrido,ainda havia muita dúvida sobre a questão de inventário,o pai ficando cego e a dificuldade pra achar alguém pra cuidar e nisso eu ficando quieta.


Uma vez em certo fim de semana meu então namorado teve uma sonora briga com seu cunhado,marido da irmã dele que me aconselhou a voltar,sendo que eles sempre meio que se estranharam,mas havia apenas pequenas rusgas nada demais,só que em dado dia a coisa saiu do controle e eles só não chegaram as vias de fato por que foram controlados pela família.


Eu nem imaginava o motivo da briga e reparei que apenas eu não sabia,por que após esse fato,direto era um chamando meu namorado pra conversar de canto,o cunhado que quase sempre ia na casa da família ia no bar da frente mas não entrava na casa,então percebi que ficou meio estranho a coisa toda.


Questionei meu namorado,mas ele me disse que era loucura do cunhado,que não tinha nada,que o cunhado era folgado e desviou do assunto.


Pensei em questionar o cunhado sobre o por que da briga,até como pretexto pra que eles voltassem as boas e tudo mais,afinal o cunhado ainda me cumprimentava de longe quando me via e a esposa dele,minha cunhada conversava comigo normalmente,mas sem em nenhum momento citar o possível motivo da briga.


Tivemos então um dia dos pais onde a família toda se reuniria no bar da frente da casa do meu namorado para festejar o pai deles e ter um almoço especial. Meu namorado trouxe a filha dele,eu deixei a minha filha ir pra casa do pai,tudo perfeito e lindo,então reparei que o cunhado ora ficava na parte interna do bar e no pouco que vinha a mesa para conversar com o outro cunhado da família ou para falar algo com a filha dele sentava-se em local oposto ao meu namorado,quando sentava,afinal em muitas vezes ele preferiu conversar com outros clientes sentados do lado de fora ou com o garçom.


Achei aquilo estranho,mas passou. Quando entramos pra dentro da casa vi que a filha do meu namorado meio que chegou pra ele e falou: "E meu irmão?"


Estranhei,por que ela sempre tratou bem a minha filha,as duas por serem quase da mesma idade brincavam bastante,mas não tinha nenhum irmão,não havia um filho do meu namorado.


E tampouco eu estava grávida de um menino,logo havia algo que eu não sabia na história toda.

Estava na cozinha ajudando minha cunhada a lavar uns pratos quando meu namorado entrou e eu fui direta: "Irmão!? Quem é a mulher que vai dar pra ela um irmão?"  Sendo que ainda fui condescendente em perguntar se a mãe da menina teria um filho.


Ele titubeou,não tinha mais para onde correr,até que a irmã dele saindo da cozinha disse: Conta pra ela


Me subiu a raiva de ser enganada,agora era saber ou saber,não tinha mais o que esconder e ele ainda sim tentava dizer que não havia nada.


Ele começou a falar...


Anos antes ele teve um rolo com a irmã do seu cunhado,esse rolo gerou frutos,um menino,que hoje tinha um ano a menos que a filha dele. Ou seja,levando em conta que ele só se separou da mãe da filha quando a menina tinha lá seus quatro anos,o chifre comeu solto.


Só que a mãe desse suposto novo filho de início não queria contar quem era o pai,até que o garoto cresceu e passou a perguntar e ela finalmente soltou quem era o pai. O cunhado veio na busca de um DNA e meu namorado se recusou a fazer o teste,daí a evolução das rusgas para a briga mais forte,afinal sempre houve a desconfiança de quem seria o pai.


Fui enganada por tanto tempo que após algum tempo finalmente meu namorado foi convencido a fazer o teste de DNA e finalmente a paternidade foi confirmada,daí a filha dele ficou sabendo que ganharia um irmão e queria conhecê-lo,nada mais justo.


Admito que na hora eu fiquei totalmente aérea,não sabia o que dizer,o que falar,enquanto ele falava,falava e falava tentando fazer o que ele aos amigos chamava de "entrar na mente" Vez ou outra ele me abraçava vendo que eu simplesmente não reagia.


Ainda fiquei na casa ali,sem saber o que dizer ou falar,foram semanas avulsas com ele indo a minha casa e a gente discutindo por que segundo ele eu estava estranha.Discutíamos e ele ia embora.


Semanas depois eu fui até a casa dele para mais um dos encontros da família e finalmente conheci o garoto filho dele. Menino gentil,educado,ainda muito retraído,afinal não conhecia ninguém por ali e acabou brincando muito com a minha filha. Exame de DNA era desnecessário. Ele era escrito e rasgado o meu namorado,só não via quem não queria.


Acho que após isso fui deixando para lá o namoro,já não fazia mais questão,até que aos poucos apenas aguardei que ele fizesse o que sempre fez,até por quê,provavelmente ele seguia fazendo,só que de forma mais escondida.


Não deu outra,um fim de semana ele sumiu,não deu notícias e eu também não procurei,até que ele ressurgiu mais uma vez louco,mais uma vez com cara de dopado e mais uma vez enchendo a vida de desculpas que não se justificavam.


Pus fim na história de mais esse príncipe encantado de forma oficial. Admito que vez ou outra ainda dei algumas recaídas com ele,até por que ele usava um pouco da boa vontade da minha filha que após três anos de namoro se afeiçoou a ele,mas sem chance de volta.

Tempos depois confirmei que ele realmente usava cocaína algo que ele realmente nunca me admitiu e sei que ainda hoje ele promove um pequeno rodízio de mulheres,indo até quando ele se cansa.

Eu por outro lado, me envolvi com um homem maravilhoso com defeitos e qualidades e que me deu agora sim um filho e irmão maravilhoso para minha primogênita."

quarta-feira, 21 de novembro de 2018

Entre as minhas crises


Tempos atrás bastaria abrir a página do jornal e logo veríamos eclodir diante de nossos olhos uma infinita quantidade de crises dos mais variados tipos onde visualmente seríamos estimulados a ver e ler todos aqueles dramas que podem ou não nos afetar diretamente.

As redes sociais e a internet se tornaram um ponto cotidiano mais forte em nossas vidas, hoje já não abrimos o jornal para ver as crises da vida aparecerem diante de nós, elas nos buscam nas ruas,na nossa cama ou em qualquer lugar onde possamos ler através da tela de nossos celulares ou qualquer outro meio que o transmita.

A globalização trouxe o mundo para nós,mas junto com o mundo vem em suas costas os seus devidos problemas,alguns aos quais nem nos informamos direito para tomar conhecimento,mas em geral a maioria terá uma pequena parcela de influência não direta em nossa vida da qual demoraremos para tomar conhecimento.

Contudo,devido ao grande número de informações as quais temos acesso,acabamos muitas vezes por nos esquecer de absorver informações próprias,de olhar para o nosso oculto e nos atentar para nossas próprias crises.

Nos ocupamos demais com o disfarce,com os filtros sobre o que fazer e não fazer,sobre aquilo que nos importa vindo de dentro para fora. O externo não,esse está desenhado e rebuscado em nossas redes sociais dando uma vida ilusória e teoricamente perfeita a frente de nossos "seguidores"

Automatizamos a nossa vida e isso foi ótimo,contudo automatizamos a um ponto em que perdemos a mão,ficamos sem noção dos pontos em que poderemos fugir de uma crise além da tela virtual,aquela crise que visceralmente nos ataca e nos derruba sem dar chances de nos recuperar.

Abre-se a cortina das crises pessoais,da dor psicológica de não conseguir se resolver. 

Do simples ao complicado,do hediondo ao passional. Ninguém está imune. Todos podem gerar suas próprias crises e alguns vão resolvê-las de forma mais adequada,enquanto outros vão penar para se solucionar e se reinventar.

É muito estresse, muita cobrança, muitas delas desnecessárias,incabíveis. Vem a pressão,vem o esgotamento físico e mental de quem se torna ansioso pelo próximo embate,pela próxima topada forte.

Aceleramos tudo,pisando fundo e saindo do limite que pensamos nem existir. 

Pensamos muitas vezes que o dinheiro compra tudo,que ele resolve tudo,mas não é bem assim. 

Tem de haver uma ponta de sanidade. Pés no chão para nos dizer o que fazer e nos manter racionais, dentro da curva.

É quando nos perdemos que as crises dão as caras. Surgem pipocando a nossa frente e quando assustamos elas nos tomam. 

Nem sempre é ruim, muitas vezes aprendemos. Principalmente se no meio de uma dessas aprendermos a olhar para dentro,nos encarar e resolver nossos conflitos ao invés de nos resolvermos entre qual aplicativo abrirmos no nosso novo e potente smartphone.

segunda-feira, 19 de novembro de 2018

É nos momentos de crise que surgem as grandes ideias


Foi assim,numa das rápidas conversas com um motorista de aplicativo que recebi uma frase dessa estampada na face e percebi que a verdade está aí.

Claro que não é algo tão grande,mas relevante o suficiente para me fazer parar e pensar no sentido que aquilo tudo fez para aquele motorista ou para mim que recebi a informação dele oriunda de uma palestra das mais caras como o próprio me afirmará.

Parei ali para pensar rapidamente que realmente são nos momentos de crise que surgem as idéias inesperadas,aquelas as quais não podemos prever ou pensar muito,mas que se concretizadas acabam por virar o jogo,solucionar grandes problemas ou melhor ainda. Mudar vidas.

Aquele motorista de aplicativo assim como muitos era mais uma vítima da crise que assola o nosso país,onde pessoas se especializam em uma determinada área,fecham com grandes empresas e infelizmente perdem seus empregos ou não conseguem colocação profissional.

Já vi de tudo,mecânico de avião,engenheiro,ourives,vendedor,de tudo um pouco foi perdendo os dotes de seu aprendizado para passar algumas horas a frente do volante recebendo todos os tipos de passageiros para os seus respectivos destinos.

Lidar com o público não é fácil,seja qual for a área. Todos os dias saem de casa pessoas com o pé esquerdo da cama a ponto de querer atrapalhar o destino de outras pessoas que muitas vezes não tem nada a ver com a sua vida.

Não há programação para as rasteiras que levamos da vida,principalmente quando ela vem de integrantes da vida. Elas as pessoas,com seus dons de fazer o bem ou o mau para o alheio, de fazer o bem ou mal até para elas mesmas.

Nem toda ideia é grande.
Nem toda ideia é boa.
Na verdade a grande maioria delas é infeliz,não usual,sonho distante.

Concretizar uma ideia faz com que ela cresça,faz de um ponto em meio ao desespero se torne o sorriso mais adiante revelado pelo momento em que decidimos mudar o nosso destino.

Mas será mesmo? E se for apenas para acontecer,se for apenas aquilo que nos estava reservado e que por uma sorte do destino resolvemos que ia dar certo.

Há quem nasça com um talento nato, um do natural para determinada coisa,mas aquilo não é necessariamente a sua maior fonte de renda.

Vejo aqueles que associam as grandes ideias concretizadas como os sonhos dourados,pior ainda a felicidade.

"Ah a felicidade está por vir"
" Ah felicidade vai acontecer"
"Quando eu realizar eu vou ser feliz"

Uma pena que seja assim. 
Muito mais do que o fim devemos justificar os meios. O caminho percorrido de forma árdua,dura e permeada de bons e maus momentos onde ao final de tudo olhemos para trás e possamos dizer: Ufa! Deu certo!

Não espere a crise para que as ideias venham. As tenha todos os dias,anote para não esquecer,trabalhe para que novas ideias surjam. Não espere e não se acomode com o temporário sucesso, justamente por ele ser meramente temporário e que logo a maré ruim virá.

Calma! Isso não é mau agouro,tempo ruim sobre a sua vida ou algo assim, mas apenas a constatação de que é bom se preparar para que dias ruins precedam e sejam vistos após os dias bons. 

Tudo é fase,seja ela boa ou ruim o tal do destino diz que uma hora a fase passa, o tempo se esgota e aí, vou ficar parado ali de braços aberto aguardando a luz da boa ideia cair sobre a minha cabeça?

Trabalhe por você,lute por seus ideais e quem sabe lá na frente você possa contradizer o motorista do aplicativo em sua frase agora tida como favorita. Eu venci, mas venci a margem da crise, venci e criei fora dela.

quarta-feira, 14 de novembro de 2018

O tal do destino


A vida nem sempre gentil e por muitas vezes detentora de uma incrível vontade de nos ver cair algumas vezes com coisas que mais parecem ter caído do céu sem aviso e qualquer sinal de que viriam.

Sob medida elas aparecem e nos surpreendem mesmo que tenhamos prometido a nos mesmos já não nos surpreender com mais nada.

Seria o tal do destino? Seria ele o responsável por distribuir imprevistos em nossas vidas algumas vezes numa dose cavalar e em outras num conta gotas tão ralo que parece que nada acontece,que nada vai sacudir nossas vidas e balançar poeira das coisas.

Ironia boa,mas que também pode ser ruim para pilotar nossa vida com doses de emoções,tal como uma telenovela bem escrita,mas com interpretações ruins e por algumas vezes apenas surpreendentes.

Nada podemos fazer contra ele,apenas aceitar e deixar o destino da forma fazer o que assim bem desejar. Pode ser que ele nos chegue numa manhã de chuva fria,outras numa incessante noite quente de verão,o que importa é que é ele o responsável por nos colocar frente a frente com alguma situação que marcará a nossa vida por menor que ela possa parecer.

Por muitas vezes deixaremos claro que o novo virá.
Por muitas vezes teremos certeza que o novo assusta,incomoda,traz o medo a tona.
Contudo é o novo que nos renova as baterias,nos traz uma energia nova capaz de incentivar aqueles que se sentirem fora do eixo tanto quanto os que estiverem prontos para a mudança,mesmo que não estejam.

Nosso coração precisa se abrir,tal como os braços devem se abrir para receber um abraço onde percebemos o traiçoeiro destino com suas boas e más intenções. Já pensou no quanto um abraço pode dizer a mais do que as palavras?

Serão muitos questionamentos,tantos pudermos aguentar,mais do que podemos suportar,mas nossa alma se prepara,aos poucos,em velocidade,ela estará lá disposta ao desafio mesmo que o corpo não se encontre na mesma sintonia.

Pra que tanta correria, tanta pressa. É essa maluca obsessão pela corrida do dia a dia que nos impede de ver a força e a mão que o destino nos imprime, ou por quantas vezes de forma sutil e dotada de um humor ácido ele tenta nos antever e ao mesmo tempo preparar para a vida,não só a nossa,mas a vida alheia.

Assim mesmo,sorrateiro,leve,quase imperceptível,mas sem deixar muitos alardes o destino age e nos deixa lá,estáticos ou impulsionados para a estratosfera,mas boquiabertos com a sua força e com a sua capacidade de fazer mais.

O que não se percebe é que por mais que ele não aparece o destino assim como o tempo não para,está lá sempre inquieto,fomentando o que mais fará,qual a sua próxima ação miníma ou devastadora que fará a nossa vida virar do avesso ou a manterá nos eixos.

O destino acomoda,acalenta,deixa ali quietinho como se não existisse,para aqueles que creem,para os que desacreditam,mas ele por muitas vezes chacoalha,nos envolve e mexe mais do que se imagina. 

Pode-se correr ao lado contrário,pode-se evitar aquilo que não se deseja,se aproximar daquilo que queremos,mas quem decide é ele, o afamado destino,odiado,amado,mas tão citado para se apontar os rumos a qual iremos.

Somos reféns de nossas próprias vidas,precisamos dele,não há como e por quê fugir,mas vamos tentar,ou talvez não,talvez apenas digamos que o destino quis assim e sigamos em frente.

terça-feira, 13 de novembro de 2018

Possibilidades



Eu nunca fui muito adepto do Maktub em que tudo o que teríamos a viver já está escrito e pronto para acontecer,acredito que nada está determinado e que de acordo com o que está por vir temos um punhado de possibilidades em aberto.

Claro que todas as nossas escolhas tem um preço. 
Preço esse que pode ser alto ou baixo de acordo com a escolha feita e com as consequências assumidas de acordo com a sua escolha.

A liberdade de escolha em geral pede um preço muito alto e a cobrança vem de forma rápida,sendo que na maioria das vezes aquele que valoriza a liberdade deve ter de passar inicialmente pelo escravidão e pela prisão de ideias.

Tomar consciência da falta de liberdade muitas vezes demanda tempo, tempo esse alias que costuma ser longo e se aproximar muito do nível de apego que se tem com algo.

Logo o ego toma conta de nós e faz com que nosso apego mesmo que diminuído aos poucos seja condicionado a não aceitação da perda ou daquilo que lhe prende.

Logo,sofremos, logo passamos a nos sufocar e perder espaço para nós mesmos,dentro da prisão que não aceitamos e a qual nós mesmos nos fixamos.

O mundo real é bem duro com as pessoas,bem diferente daquela crença infantil que temos que a vida vai melhorar aos nos tornarmos adultos. Contudo,lamento informar que quase tudo o que vivemos é a base de uma ilusão.

Pensamos,mentalizamos e logo acreditamos com todas as forças que aquilo que mentalizamos é algo real e concreto para nossas vidas. Se pensamos que é real,muitas vezes passamos a crer e alimentar essa crença e tornar aquele pensamento real,seja ele bom ou ruim.

Aos nos tornamos livres para escolhas mudamos toda a nossa estrutura, não deixamos para lá o nosso ego e a nossa mania de permitir que a vida aconteça da maneira que vier,mas damos a ela a liberdade para que ela possa ocorrer da melhor forma.

A medida que passamos a nos controlar e controlar o ego que nos faz se apegar aquilo que é desnecessário então passamos a usar nosso potencial e a nossa capacidade da melhor forma, em sua plenitude.

Somos do mundo, vivemos nele e interagimos com as coisas presentes nele,mas não pertencemos ao mundo,não dependemos dele para que a nossa vida siga o curso. 

Quem se prende,se trava,se atrela a um ponto e ali fica. Quem se solta e se liberta corre o tempo,permite viver e vive na intensidade que deve ser e sem amarras parte em busca do que a vida oferecer.

Acordaremos dia após dia com felicidade,plenos que não haverá medo ou ansiedade de se errar,são muitas as possibilidades de erro e acerto,mas ao estarmos livres para escolher e tentar viver passamos então somente a ganhar,mesmo quando estamos predispostos a perder.



sexta-feira, 9 de novembro de 2018

A vida é melhor pra quem sonha



Todos os dias abrimos os olhos pela manhã e passamos então a mentalizar tudo aquilo que faremos em nosso dia a dia. 

Ali ao abrir os olhos damos de cara com as nossas preocupações,frustrações passadas,alegrias e tristezas que serão devolvidas a nossa realidade para quando pousarmos nossos pés fora da cama e partirmos rumo a realidade.

Fato é que enquanto estamos dormindo ou até mesmo acordados vislumbramos algo que até podemos não saber totalmente o que é, quem sabe até de modo que apenas imaginemos as possibilidades,mas de fato sonhamos que possa ser possível,que possa acontecer.

Nossos sonhos são a chama que se mantém acesa para que possamos seguir pela vida,afinal dessa forma temos mesmo que não seja de forma prioritária um ideal de vida que ali quietinhos com nós mesmos incluímos indiretamente em nossas orações e em nossas vontades.

Acredito que cada vez que se busca saber os objetivos de vida de uma pessoa ou aquilo que ela mais deseja ou anseia deveríamos encorajá-la antes de tudo a sonhar.

Vejo isso em amigos meus,pessoas próximas ou até para com aquelas com quem não temos tanta afinidade. As oportunidades não surgiram da mesma forma para as pessoas,alguns ganham duas,três,dez chances de fazer algo e simplesmente ignoram,outros ganham uma única bola quicando em sua frente e logo a chutam para fazer um gol de placa.

Ao lutar por aquilo que sonhamos passamos a ganhar contornos daquilo que se pode alcançar e mesmo que não cheguemos de fato até onde desejamos passamos por estágios de aprendizado que categorizam o que podemos ou não fazer, o que podemos ou não alcançar.

Quanto maior a atenção que dermos aos nossos planos,maior a chance de realização daquilo que se corrobora em nossas cabeças inicialmente como uma simples utopia,mas que logo poderá ser palpável,atingível.

Permita-se acreditar naquilo que você deseja,por mais que exista gente para dizer que não,para dizer que é impossível,talvez essa seja a chave,o grande pulo do gato para aqueles que almejam e conseguem. Acreditar!

Quando não acreditamos,passamos a afastar aquilo que queremos de modo que ele possa cada vez mais parecer não realizável. É como se o excluíssemos de nossa realidade pondo fim as nossas expectativas e sepultando nossos próprios sonhos.

Temos o principal de tudo que é a vontade de ver concretizado. Já pensou por exemplo em ganhar na mega sena acumulada, pois é, isso não vai ocorrer nunca se você não comprar o bilhete. Portanto crer naquilo que se quer é talvez o grande passo para que possamos ter força para fazer acontecer.

Seja do nosso destino ou não,obviamente que obstáculos vão surgir,são eles que fazem a glória de toda caminhada aumentar,valorizam nosso "prêmio alcançado" e partem em sentido contrário daqueles que chegam lá.

Sim,muita gente vai tentar te frear, muita gente vive para isso. Incomodado e estagnado com seus próprios sonhos e planos as pessoas tendem a querer encobrir os sonhos alheios,passar por cima e forçar aquele que sonha a desistir de objetivos que vão dos simples até os mais pomposos sonhos.

Não é a grama do vizinho que é mais verde. É aquele que sonha,planeja,que quer fazer sendo cobiçado e ancorado por aqueles que por um momento ou pela vida inteira se indispõem a fazer básico.

Infelizmente muitos que desejam indispor nossos sonhos conseguem. Acabam por nos pegar num momento ou outro desprevenido e lá se vai nossos planos e desejos. Talvez por isso devemos escolher a dedo aqueles que serão cientes daquilo que nosso desejo ensaia.

Muitos vão querer lhe derrubar,alguns,poucos e restritos serão capazes de estar ao seu lado e lhe apoiar. 

Sonhe cada dia mais e logo seus pés deixarão o chão,voaram e estarão dentro da melhor realidade alcançável. Nunca deixe de sonhar,acreditar e principalmente. 

Viver!

quinta-feira, 8 de novembro de 2018

Meu "Querido" Ex.Doc (38)


(Todo mundo já teve um ex não é? Sendo assim,boas e más lembranças dos relacionamentos passados serão contados aqui no Meu "querido" ex, afim de relembrar, rir e chorar de boas histórias relatadas por pessoas que de forma anônima ou não se despuseram a contar suas vidas sem qualquer custo. A todos o meu MUITO OBRIGADO)

"Sabe aqueles dias onde você simplesmente saí de casa para se distrair com uma amiga e não espera nada a mais do que isso. Pois bem, foi mais ou menos por aí que aconteceu. 

Era meados do ano 2000,não lembro a data certinha,mas a julgar pela minha idade na época era mais ou menos esse ano. Fui com uma amiga ver uma proposta de emprego.


Era pra ajudar a cuidar de um casal de idosos e auxiliar na limpeza da casa,eu trabalharia na parte da manhã até o meio da tarde e minha amiga dali em diante e dormiria no local.


A senhora apresentava mais vitalidade,varria a frente de sua casa sempre pela manhã,enquanto o marido já apresentava sinais de diabetes avançada. Os filhos com suas vidas corridas moravam por ali,mas por trabalharem durante o dia já não tinham tempo para vislumbrar tantos cuidados com os pais.


Para mim era o emprego quase perfeito. Morava em Neves e poderia sair de lá para ter uma casa pequena,um quarto que fosse em Belo Horizonte. Se afastar da minha mãe naquela época não era um desejo físico,mas financeiramente eu poderia ajudar mais trabalhando fora.


Lembro que estava saindo da casa e um dos quatro filhos do casal veio me levar até a porta. Rua de bairro perto do centro em finais de semana costumam ser movimentadas,mas aquele em especial era ainda mais,pois de frente da casa havia um tradicional bar de BH onde os clientes sentavam-se com suas mesas na calçada e aproveitavam a boa comida e a cerveja gelada.


Ainda conversava no portão quando um dos clientes veio até o filho dos meus futuros patrões e adentrou a conversa de uma maneira bem humorada e ostensiva. Aparentemente ele era mais velho,um pouco rechonchudo,mas um convite para tomar cerveja em pleno sábado no horário de almoço não dava pra recusar.


Sentamos então do lado de dentro do bar com esse cliente para tomar uma cerveja e bater papo. Admito,até aquele momento não tinha visto naquele homem qualquer atrativo,sentamos na mesa para tomar a cerveja pelo convite.


Ouvimos muito,ele claramente se fazia de gente importante,falava que tinha posses,provavelmente empenhado em me convencer a ter algo com ele,enquanto o filho do meu futuro patrão que naquele momento já havia ido parar na mesa tentava dobrar a minha colega.


Apesar de não ter dado muita bola pra ele,ficamos lá bebendo,muito por sinal e ao fim de tudo trocamos telefone,mas não rolou nada mais do que isso.No máximo ele levando eu e minha amiga para casa dela após muitos drinques em uma época onde a lei seca nem era imaginada.


Além da lei seca na época ainda não existiam redes sociais,ou whattsapp,logo o contato dele comigo era me vendo ocasionalmente no meu trabalho,até por que ele sempre ia no mesmo bar,daqueles clientes fiéis e claro me ligando algumas vezes para me dar uma carona para ir embora. 


Admito que o enrolei por algum tempo. Não queria um relacionamento naquele momento e ainda mais com alguém mais velho e que apesar de gente boa era tão diferente de mim,mas eu já estava envolvida com ele. Já sabia que ele não tinha as posses que dizia ter e que apenas morava numa casa ruas abaixo do meu trabalho onde ele morava numa casa da frente com a mãe e o irmão e na casa do fundo morava a família do outro irmão,com mulher e filho. 


Aos poucos fui me afeiçoando a ele,não sei dizer se me apaixonei,mas comecei a gostar dele e as coisas foram acontecendo,embora que ainda não tivesse ficado com ele e nem nada disso,era um grande amigo que tentava algo a mais para ir me conquistando.


A sorte dele é que troquei o horário com a minha amiga,logo passei a dormir no serviço,o que facilitava ver ele já que uma ida até Neves quase todo santo dia não era nada agradável.


Nosso passo a mais se deu quando a mãe dele faleceu. Morreu dormindo,ataque cardíaco fulminante, dentro de casa e ele ficou mal com tudo aquilo sem imaginar que meses depois o irmão viria a falecer da mesma forma,dentro de casa,dormindo e o coração não aguentou.


Foi no intervalo entre os dois falecimentos que começamos a ficar,de início era algo bobo,nada demais,eu gostava que ele me cortejasse e tinha alguém para "cuidar" de mim como ele dizia.


Ele tinha uma filha da minha idade e três filhos mais novos, um garoto e mais duas meninas,dois com cada mulher,era uma vida formada,enquanto eu ainda muito nova embarcava nessa nova aventura.


Embarcar alias é a palavra certa,afinal não demorou para que eu trocasse o meu emprego e a casa da minha mãe em Neves para ir morar com ele e trabalhar com ele na transportadora que ele tinha.


O ritmo era mais tranquilo,afinal eu tinha uma casa para cuidar,recebia cuidados dele e cuidava dele também e trabalharia literalmente ao lado da casa,ajudando,dando uma força literalmente,limpava a pequena loja um dia,atendia um telefone no outro,marcava os compromissos dele.


Virei uma secretária do lar e da empresa aos poucos.


Aos poucos também os filhos foram se aproximando de mim,assim como deixava de viver uma relação de namorada para viver uma relação de esposa que morava junto e praticamente nos sustentávamos ali.


Nossa relação aos poucos começou a ruir. Ele apesar de trabalhador,engraçado era como diziam os amigos: "Um excelente amigo de golo,mas para negócios..."


As filhas pareciam sanguessugas,adoravam o pai da mesma forma que lhe arrancavam dinheiro a todo custo. Exceto talvez a mais velha,independente e que vez ou outra aparecia para almoçar com o pai aos domingos. 


O filho no entanto era a pedra no sapato,juntou-se cedo com uma mulher,casou,teve uma filha linda,mas assim como o pai tinha ali uma certa ponta solta para o trambique,não bebia,mas compensava o tanto que o pai bebia para o lado violento,agressivo,daqueles que caçava briga com um pouco de tudo,além é claro do uso de drogas. 


Foi detido algumas vezes,fazendo o pai se virar nos trinta para tira-lo das confusões que ele sempre arrumava.


A relação foi deteriorando com essas pequenas coisas,foram ali muitos anos e apesar do carinho que eu sentia por ele me via presa a uma pessoa que por mais que me tratasse bem e me divertisse não traria nada para a minha vida.


Contudo,talvez por um mix de gratidão e até compaixão eu não o deixava.

Passei a me tornar mais a companheira de vida dele,uma cuidadora,embora ele não fosse nenhum incapaz.

Ele cada vez mais bebia,sempre bebeu,mas o que antes era coisa de fim de semana,passou a ser todo dia. 


Então se antes ele mergulhava nas muitas doses de seleta,quando não bebia a garrafa toda,junto a muitas garrafinhas de sua amada malzebier apenas aos fins de semana,então passamos a ter esse ciclo após o horário de serviço,sendo que muitas vezes o serviço já quase não tinha serviço.


Começamos a passar um período de turbulência financeira grave,afinal comíamos mais marmitas da rua do que propriamente coisas de dentro de casa,nosso cigarro e a bebida dele muitas vezes eram salvas pelos amigos que com seu bom humor ele adquiria. Já não tinha carro e seguia a risca a rotina de acordar cedo e caminhar pela avenida até a padaria,voltar para trabalhar e após o serviço apenas se embriagar como se não houvesse amanhã.


Eu ficava sozinha,largada,foram anos assim,vendo ele chegar a noite muito bêbado e apenas deitar para dormir.


Minha jovialidade era aflorada,já estávamos juntos a alguns anos e cada vez mais eu me sentia enterrada naquela relação,embora mantivesse o carinho com o meu companheiro. 


Acontece que eu em meio aos meus vinte e seis anos tinha como grandes eventos os almoços com a família,sejam a minha ou a dele e passava o dia atendendo a empresa dele para a noite assistir novela esperando ele voltar caso não quisesse ir ao bar com ele. 


As dívidas surgindo aos milhões,a bebedeira seguindo e então resolvi tomar uma atitude,estudar para conseguir uma bolsa em faculdade ou um curso técnico que fosse. Fiz segurança do trabalho,segurança pessoal,um pouco de tudo.


Em meio a esses cursos e alguns contatos e começaram a surgir os flertes. Eu já não tinha uma relação de marido e mulher,vivia ali,tinha uma casa e uma vida,mas o marido era da boca pra fora,um status. Comecei a trair.


Quer dizer,não a trair,por que aos poucos meu companheiro meio que ficava sabendo e se fazia de mais bêbado do que sempre estava para não reparar,mas as coisas as vezes saiam do controle.


Passei a me relacionar com caras que as amigas me apresentavam,colegas de curso,"amigos"do meu companheiro que iam até a nossa casa,chegamos ao ponto de ir para um sítio,levar ele pra casa bêbado e enganado e voltar pra festa apenas para curtir.


As amizades me influenciaram mal naquela época,mas acredito que em meio aquela loucura toda que minha vida havia se tornado meio que consegui um desafogo da relação e com certo consentimento.


Meados de 2015 e eu já estava estafada,exausta de virar a dona da casa financeiramente e de quebra cuidar de alguém que não se esforçava mais. Tinha meus pulos fora,mas passei a trabalhar como faturista de supermercado,até por que a transportadora do meu companheiro já não existia,então,alguém precisava manter a casa e se eu quisesse sair e me divertir,pelo menos que eu pagasse as minhas coisas.


Eis que volta a cena o filho do meu companheiro,primeiro se separando da esposa e indo morar com a gente,seu comportamento e seus problemas superavam-se a cada dia e era demais para mim,explodi quando em uma briga comum,boba sobre quem arrumava ou bancava a casa ele gritou que a casa era dele e não minha e que de lá eu acabaria saindo dentro de um caixão.


Entendi como uma ameaça de morte,vi que não daria futuro e saí da casa,embora todos os dias antes de trabalhar me encontrava com o meu companheiro para ver como ele estava e para lhe dar cigarros e aguardar o ônibus para ir ao serviço na porta dele.


Foi assim por três meses,nos víamos por volta das seis da manha até que eu entrasse no ônibus,uma relação de cumplicidade,mas sem que morássemos juntos. Eu não podia abandona-lo.


Passei a morar com a minha comadre e de certa forma vi que ele passou a não se dar bem com a vida como antes. Ele mantinha parte da rotina,mas já não conseguia mais ir a bares,seja por dívidas que encerraram as amizades ou por não ter dinheiro para beber no avulso.


Se antes bebia garrafas de seleta passou então a beber as chamadas corotes em garrafas de plástico e a fumar cigarros cada vez mais baratos. A saúde de ferro no entanto seguia intacta,assim como estilo,desde o primeiro dia ele sempre andava pela rua com blusa social para dentro da calça jeans e os sapatos sociais,além dos cabelos bem alinhados e aparados. Bermudas e camisas comuns eram para dentro de casa ou para festas com os mais chegados.


O aniversário dele se aproximava,eu ainda não sabia como seria o primeiro aniversário estando com ele sem que estivéssemos morando juntos,passei a noite pensando naquilo e resolvi que levaria ele para comer em algum lugar para comemorar mais um ano de vida.


Fiz minha rotina de manha,mas estranhei quando cheguei na rua da casa dele e não o vi na rua,ele sempre acordou cedo,fosse por cansaço,ressaca,ou que fosse,ele sempre se levantou cedo. 


Caminhei até a porta de onde morei por tanto tempo e vi a cachorra do lado de fora,mas a porta fechada,entrei com a chave que eu tinha e vi que a porta do quarto estava trancada. Da mesma forma que ele sempre acordava cedo ele nunca trancava a porta.


Voltei para trás já certa do que tinha acontecido,chamei a vizinha e pedi que ela entrasse para abrir a janela,ou que pelo menos olhasse pela janela para ter a certeza que eu já tinha.


Enquanto ela deu a volta peguei o telefone e liguei para um dos amigos dele. Apenas disse: Vem pra cá que ele está morto.


A cachorra não latiu para a vizinha abrindo a janela,animais parecem pressentir a perda de seus donos. A vizinha entrou pela janela e abriu a porta por dentro. Ela tinha lágrimas nos olhos e apenas de relance eu vi o corpo desfalecido na cama. Eu infelizmente havia acertado ele estava morto.


Não consegui chorar de imediato,não consegui vê-lo morto na cama onde tantas vezes dormimos juntos e permiti que os familiares e alguns amigos resolvessem todos os trâmites para velório e enterro.


Já naquela época não eram permitidos velórios noturnos diretamente no cemitério,mas devido a ele ter morrido durante a madrugada havia uma certa pressa para que ocorresse o velório e o enterro na manhã seguinte. O fato curioso é que assim como a mãe e o irmão ele havia morrido de infarto fulminante enquanto dormia. Curiosamente ele não havia bebido nada naquela noite,apenas se deitou e dormiu para todo o sempre como seus familiares.

Durante o velório fui tratada como viúva e apesar do abatimento tentei me manter forte até que o corpo chegou. Duas filhas dele moram em São José da Varginha,interior de minas e a filha mais velha morava em Santa Luzia,logo além de alguns amigos mais próximos só havia o filho que tinha problemas comigo e eu no momento em que o corpo chegou.

Aguardei que o filho o recebesse,temia de uma certa forma que ele falasse algo de mim em meio as pessoas e até por que ainda não tinha visto diretamente o corpo do meu companheiro de tanto tempo morto,inerte.

Adentrei a sala e só ali,ao vê-lo desabei,as lágrimas foram inevitáveis e com muito custo me aproximei e lhe dei um beijo na testa agradecendo por tudo e desejando que ele tivesse uma boa passagem.

Acompanhei todo o velório,não arredei o pé de lá,não conseguia,não queria na verdade. Apesar de tudo não conseguia crer que ali naquela caixão estava o homem que me acompanhou crescer nos últimos quinze anos.

Passaram-se pouco mais de dois anos da morte dele. Não quis receber nada da família,de bens que ele podia ter ou tampouco direitos na casa como muitos falavam que eu tinha. Eu decidi sair de lá,seja por ameaças,ou qualquer coisa,foi ideia minha ser independente.

Devido ao meu emprego no supermercado acabei por retornar a Neves,para a casa da minha mãe novamente,mas claro já não sou aquela menina que saiu de casa para tentar o emprego de cuidadora,mas sim uma mulher que viveu muita coisa lá fora e acabou voltando.

Todas as noite eu olho pro céu e em uma breve oração peço que ele esteja bem e de onde estiver olhe por mim e me abençoe em minha vida,assim como um dia eu o amei,espero que ele tenha tido o mesmo sentimento por mim.

Aonde estiver,meu amigo,meu amor,meu companheiro. Obrigado!"

quarta-feira, 7 de novembro de 2018

E aí quem é você?



Nunca houve tanto questionamento.
Nunca se viu tamanha polarização de opinião. 
Ou se tem um lado ou se está contra ele.
Ou se fala bem, ou se fala muito mal.

Explicamos demais.
Convencemos de menos.
Aprontamos além da conta.
Julgamos e somos julgados a todos os instantes.

E aí quem é você?
Você mesma não sabe responder.
Afinal criou um personagem.
Uma casca,uma capa onde se coloca como frágil,oprimida,sentimental.

Você é vítima das próprias ações.
Responsável por suas escolhas e por aquilo que faz ou diz fazer.

O tamanho lhe falta,sim é claro
Retidão de caráter,desvio de pensamento,confiança,pouco importa.

Pra você nunca importou...

Me diz quando precisa
Me informa quando você quer se passar pelos outros para ser alguém que você não é, alguém que você nunca vai ser.

Perdeu uma,duas,três batalhas. "Ah eu vou vencer a guerra" ,balela, crise de identidade sua enquanto joga para os outros a culpa por suas derrotas.

A vida é uma só menina. E tudo bem você querer viver a mil enquanto na verdade já não pode fazer isso.

Tem gente que se importa com você, mas é você que deveria se importar com mais gente.
De braço em braço você finge procurar consolo.
De mão em mão você vai passando as etapas da sua vida como se desviasse da guia das calçadas.

E aí é culpa dele? Dela? De quem mais?
Você faz perguntas que não sabe responder
Você cria respostas para perguntas que não foram feitas.
Não foram feitas não por que você foi além dos outros,a frente do seu tempo.

Não foram feitas por que a ninguém interessava,por que ninguém queria saber.

Tem muitos amigos,mas não tem ninguém.
É muito cobiçada,mas ninguém a quer.
Tem bela aparência,mas por dentro...

E aí quem é você menina? 
A doce e meiga que faz parecer ou a nefasta que cria e inventa até não poder mais ver.

É muito mimimi, é muito disse me disse, é muito vem a nós e haja umbigo para caber tanto mundo.
Não sei se o tamanho cresce,quem sabe a mente expande,mas um dia o mundo te ensina,pois por enquanto ele apenas está dando aquilo que recebe de você. 


segunda-feira, 5 de novembro de 2018

A chatice morre quando ninguém mais liga pra ela




Deve haver alguma explicação plausível que faça com que as pessoas se prestem ao papel de alta inconveniência na vida alheia. Aquele que de forma distópica insiste em perturbar,contradizer e ir na contramão daquilo já decidido e elaborado.

Felizmente há aqueles que decidiram não bater palma pra palhaço ruim, pra artista sem graça, para aqueles que resistem em aturar a verdade estampada naquilo que o mundo insiste em lhe afirmar.

Claro que a maioria não é certeza de sucesso ou de boas opiniões, mas quem lhe disse que a minoria é sempre a certa?

Dar audiência para aqueles que deveriam apenas ser ignorados podem trazer consequências gravíssimas para nossa vida já que ao permitir que tais pessoas penetrem em sua vida você passa a absorver toda aquele ranço automático e cinza criado pela pessoa para contra a vida agir,pensar e falar.

Mas afinal por que tanta gente negativa se destaca mais do que aqueles que demonstram positividade com a vida?

Na adolescência tal fato se explicaria pela vontade de ser aceito em um grupo de pessoas a quem temos como seletos. É uma fase onde contestamos tudo e queremos descobrir mais ainda.

Contestação essa que nos faz descobrir ainda mais o mundo,mas que também nos faz um tanto quanto arrogantes a ponto de descobrir aquilo que não é tão admirável ao olhos dos outros,mas que para nós ainda inexperientes da vida parece um bilhete dourado ao novo e reluzente.

Ao amadurecermos esperamos que essa busca por aceitação deixe de existir,já que ela não é necessária para aqueles que já sabem de sua capacidade mesmo sem a interferência externa em nossas vidas.

Contudo,há aqueles que se acomodam e se fixam a uma ideia transformando-a em uma bandeira a ser defendida,mesmo quando a própria bandeira não se defende.

Temos nossa opinião própria é claro, talvez um pouco de auto crítica,mas é muito difícil aceitar a opinião do outro,principalmente se ela vai em lado oposto a nossa opinião. Aí brota a inconveniência daquele que quer ser mais e quer fazer valer a sua opinião. Liguem os holofotes o rei da atração chegou.

É nessa hora que muitas vezes ganhamos o rótulo gratuito da antipatia, por impor limites, por gritar por eles e impor nossos direitos para que não sejam engolidos pela maldade alheia ou pela pura vontade de seguir na mesmice de ideias.

Somos solícitos a todos,mas não somos escravos de ninguém,algo que infelizmente muitos acreditam e tentam a todo custo e a base de uma bruta lavagem cerebral introduzir em nossas cabeças como se fossemos obrigados a aceitar aquilo que já sabemos que é errado. Uma novidade boa é que: Não somos obrigados a nada.

Resistir a mudança tudo bem,mas daí a não aceitar aquilo que se propõe apenas por ir contra a suas ideias é se atravancar no mesmo,se prender aquilo que já não condiz.

Polarizamos o mundo, colocamos apenas dois lados,caminhos duplos por onde devemos seguir e que automaticamente nos põe frente ao inimigo comum que toma uma direção diferente.

O barco é o mesmo,a navegação é que é conduzida de maneira distinta,não importa se é A,B ou C,apoie um pouco daqui,aceite um pouco de lá,tudo bem não concordar com tudo,tudo bem se você reagir contra um pouco,o importante é crer que você não deve ser o chato que se opõe apenas por ser,mas seja o chato que exprime sua opinião tendo algo concreto como base.