sexta-feira, 23 de novembro de 2018

O alto preço da honestidade



Era comum quando crianças que nossos pais nos dessemos inúmeras formas de se praticar a honestidade para com eles e também para com os nossos coleguinhas. Ensinavam a não mentir,não trapacear,diziam que podíamos mexer apenas nas nossas próprias coisinhas e que mexer nas coisas dos outros era feio.

Pode ser que algum dia você tenha levado por engano um lápis ou uma borracha do coleguinha por engano ou por mero esquecimento de devolver e lá estavam nossos pais a afirmar que logo que o avistássemos o dono o objeto deveria ser devolvido,quando já não o avisávamos por telefone assim que o objeto era descoberto.

Havia ainda a bendita lógica do achado não é roubado que a todo o custo nossos pais se esforçavam para evitar que adquiríssemos. Eramos incentivados a manter uma postura correta,retilínea diante da sociedade e pouco importava se tínhamos muito ou pouco dinheiro. Ser honesto era mais do que um troféu,ou um rótulo,era obrigação.

Ainda pequenos,acreditávamos que todas as crianças eram educadas da mesma forma,seguindo as mesmas regras que se quebradas causariam punições diversas e das formas mais horrendas que uma criança poderia imaginar.

É realmente uma lástima que nem todos os pais fizessem isso,lástima maior ainda pensar que a honestidade,tida como obrigatória para a família de alguns foi relegada ao canto de alguns lares.

Existem aqueles a qual a honestidade se tornou um artigo qualquer,daqueles que pouco importa a sua utilização ou não,de forma que socialmente as pessoas se tornem reféns de atitudes pouco admiráveis e as quais acabam sendo tidas como comuns aos olhos de todos a ponto de já não indignar mais aqueles que foram programados para ser honestos.

São pequenas coisas. Um troco a mais embolsado aqui,sentar-se na cadeira do idoso e fingir um cochilo,carregar uma criança que não é sua para ganhar a preferencial das filas e a imensa vontade de ser mais do que os outros, a grossa mania de levar vantagem para casa,independente do que ela acarreta.

A honestidade cobra um preço alto, preço esse que as pessoas comuns não querem pagar ou fingem esquecer. 

Vale lembrar que estamos aqui a citar apenas aqueles pequenos gestos, fragmentos menores de desonestidade sendo que não será preciso citar aqui atos políticos, já que neles a desonestidade impera sem deixar de ser tão nociva e tóxica quanto os pequenos gestos.

Conta-se uma leve mentira aqui, se faz de rogado ou de bobo por outro lado e logo passamos a crer na mentira contada como se de alguma forma mágica ela tomasse forma de verdade absoluta, ou uma verdade torta, mas isso não acontece.

A criação de todo um enredo onde a mentira se encaixe pode aliviar a consciência por um ponto,mas não perdura, já que as pernas da mentira não a levarão ao longe e um dia ela será alcançada pelas longas pernas da verdade. Precisamos fazer da honestidade algo a ser admirado,mesmo que não exista quem a admire no momento,ainda que não existam para nós benefício em ser honesto.

Precisamos fazer com que a honestidade se torne de novo não algo obrigatório,mas que seja algo comum,algo a ser feito e que nossas crianças entendam isso para que transmitam a seus filhos e depois aos filhos dos filhos.

Honestidade sim deveria ser contagiosa,ou pelo menos herdada no nosso DNA,quem sabe assim não seria necessário a vida ser tão dura e nos punir com suas rasteiras. Para que o mundo vire um lugar mais admirável é melhor que a honestidade passe a vir de berço e que o preço por ela,mesmo que alto seja pago,dessa forma sempre sobrará um troco para nossos descendentes pagarem o preço deles em ser honesto de verdade.




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