quarta-feira, 28 de novembro de 2018

Não se ponha no meu lugar



Chega certa altura da vida onde você de fato perceberá que estar nesse mundo não é nem de longe uma coisa fácil. Quando crianças ainda que por um breve momento chegamos a acreditar que a vida é bela ou doce com um sorvete,mas abrindo as portas do mundo adulto vemos que não é bem assim.

Em meio a tanta vida acabamos por passar inevitavelmente por tristezas,decepções, dúvidas e certas amarguras que não vão passar da água pro vinho ou simplesmente com o raiar do dia.

Dessa forma acabamos presos a um determinado sentimento,seja lá a forma que ele for e recebendo seus prós e contras das formas mais variadas e por difusos espaços de tempo.

E se concluímos que nem nós mesmos compreendemos nossas sensações sobre a vida o que dizer sobre as outras pessoas. Claro que podemos dividir para os nossos as nossas angústias e o que nos aflige,mas infelizmente não será sempre que isso vai solucionar a nossa preocupação,para falar a verdade, na grande maioria das vezes haverá um aumento da ansiedade,uma propagação do problema.

Mais do que aprender a descobrir o que nos aflige e compartilhar. É saber com quem estamos compartilhando nossos sentimentos.

Afinal estamos ali de peito aberto,nos expondo e muitas vezes dando apenas murro em ponta de faca,já que a outra pessoa pouco se importa se vamos nos dar bem ou mal.

Nascemos para ser julgados e mesmo que não queiramos ser,um dia seremos. Os nossos julgadores morais são implacáveis inclusive,dotados de técnica pouco ortodoxa,muitas vezes questionável para um novo julgamento mais adiante,porém com um novo réu.

Acredito que foi meio que nessa toada que me tornei mais ouvinte do que propriamente falante. Não que eu não tenha a opinião a dizer,claro que sei bem me expressar sobre o que eu ouvi,mas entendi que nem sempre quem fala quer ouvir uma opinião,muitas vezes a pessoa está ali apenas para ser ouvida,para impor o seu lugar.

São variadas histórias,cabeludas ou não,não nos cabe julgar tendo em vista que não é a minha história,mas sim a de outra pessoa que se entende melhor com a situação em que está do que eu que apenas ouvi e estou vendo de fora.

O fato de apenas ouvir as pessoas sem emitir diretamente uma opinião não te faz menor do que ela,mesmo que seja algo totalmente controverso a seus ideais,será mais cabível você primeiro ouvir,ponderar os pontos para só então emitir a sua opinião e entendendo que muitas vezes a pessoa lhe deu ali uma opinião dela,única e exclusivamente.

Ao abrir o coração ou ao contar histórias para alguém, vemos ali a força das palavras,ditas as vezes de forma clara,direta ou subliminarmente. Tem quem fale apenas com o olhar e que deseje de forma ardente ser compreendido e não repreendido por um caminhão de novas palavras em contraponto a seu dizer.

Livre Arbítrio,opinião própria,são diversos fatores que vão carregando as pessoas de experiências próprias e que não podem avaliar ou dimensionar o que uma outra pessoa passou ou vive.

Existem jovens com mais experiência,vivência e rodagem do que muitos senhores de cabelos brancos,existem pessoas que não viveram e que vão teorizar muito para fazer da sua experiência a experiência dele. Isso não é resolução de problema,não é apontar um caminho,mas sim,comparar com o que já foi vívido e inflamar ali uma nova opinião.

Precisamos falar,fomos feitos para isso,mas como dito,precisamos saber a quem falar e a quem recorrer,até para que não percamos de vez a essência,o crédito total de que o ser humano pode fazer isso ou aquilo,até para que o nosso coração se acalente e perceba que pra tudo tem um jeitinho, desde que se saiba com quem se pode contar.

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