terça-feira, 11 de junho de 2019

In natura





Foi vendo fotos de um encontro de ex alunos do meu colégio que percebi que independente do tempo e da quantidade de pessoas com quem nos relacionamos é pouco provável que um rosto conhecido ou com quem tenhamos boas lembranças seja esquecido.

Falo isso advogando em causa própria, já que sou um confesso vira lata social,daqueles que muita gente conhece e cumprimenta de maneira afável mesmo ciente do meu grave e crasso defeito de fisionomia. Não lembro,não recordo e vagamente saberei o por que conheço.

Ali vendo aquelas fotos eu percebi que as pessoas mudaram e muitas delas até mesmo deixaram de ir a esses eventos já que a vida não os aproxima mais de maneira natural,mas fica evidente também o quão bom é ver essas pessoas bem,mesmo que com algumas delas eu não tenha tido a menor das intimidades.

Aquelas sorrisos sinceros ali podem não ser reais, alguns estão ali apenas pelo simples desejo de marcar as outras pessoas no Insta, para avaliar quem engordou e quem emagreceu,mas está lá para ver e rememorar tudo aquilo que ela mesmo era e se esforçar para ser gentil com quem teve a mesma feliz ideia.

Ao fim de todo esse encontro as pessoas ali vão para suas casas,vez ou outra vão se encontrar pela cidade com fama de ovo tamanho a facilidade que é de se ver rostos conhecidos por aí, certamente também se verão nas redes sociais,mas seguirão as suas vidas até que o próximo ano possa permitir que elas voltem a estar juntas.

O passar dos anos poderá desfazer falsas impressões que se tem com as pessoas, talvez até as faça perceber que você mudou ou quem sabe que era uma pessoa legal naquela época e que apenas não tiveram a oportunidade de conviver,de ser e estar.

A máscara posta ali para encontrar velhos colegas caí por terra assim que a pessoa deixa o encontro. O fato de ter ido ali relembrar o que um dia foi não faz de ninguém melhor ou pior. Pra falar a verdade pouco muda perder algumas horas de sua vida pra falar com quem você não conhece e não viu.

Há claro talvez uma leve percussão de quem acredita que ver a garota popular do colégio,antes bela e esbelta agora cansada pelas pancadas da vida, ou quem sabe ver aquele atleta vistoso do time campeão do interclasses ter se tornado um frequentador assíduo de bares e botecos da cidade e que seu tanquinho admirado pelas alunas agora se tornou uma honrosa pancinha de chopp.

A vida mudou para todos, gentilmente fomos moldados a comparecer frente aos velhos novos conhecidos, aqueles que antes sabíamos de tudo um pouco e que agora são ilustres personagens de um passado que vem nos visitar anualmente.

Pessoalmente não acredito que fosse fora daquele ambiente escolar as pessoas estariam ali,relembrando,abraçando,dando corda para um vistoso passado em meio as paredes do seu antigo colégio. A finesse de se ver em qualquer canto e saber recepcionar aqueles que lhe visitam a vida é algo que naturalmente vem de berço,nasce consigo e é apenas retransmitido ao mundo da forma que melhor se encaixar.

É tão bonito ser natural. 
É tão bonito se encontrar naturalmente com as pessoas e usar um jargão de oi sumido,fazer mil planos aos quais você não vai cumprir e dizer: Nos vemos por ai.

O natural encanta,a gentileza comove e atraí mais do que qualquer recepção calorosa seja aonde tiver de ser.


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