terça-feira, 2 de julho de 2019

Idolatria




Não é de hoje que construímos um ideal de pessoas a serem seguidas por nós. Em tempos de redes sociais a proximidade se tornou ainda maior com uma infinidade de maneiras de aproximar o público de seus supostos "sonhos de vida" assim como tão logo se torna quase indispensável saber o que eles fazem da vida,quase que por vinte quatro horas.

Construímos assim falsos heróis, membros de uma ilusória elite que não existe,mas que se penetra não só na nossa cabeça,mas também na cabeça daquele que é alvo de tanto assédio e que por fazer o seu trabalho um pouco a mais acaba por lucrar muito por poucos feitos.

Passamos a não admirar quem acorda cedo pra ganhar o pão que alimenta a família, deixamos de nos vangloriar sobre as metas batidas por nós mesmos na empresa em que prestamos serviço, deixamos de acreditar que o nosso trabalho duro diariamente é algo importante para se criar um envolcro onde aquilo que rende muita grana é ainda mais essencial.

Infelizmente as pessoas passaram a se render cada vez mais a falar e ler sobre a vida alheia e acredite o mercado é aprazível a isso, nós também somos. Então por que fazer de nossas vidas uma mudança tão grande a ponto de sermos falsamente admirados.

Acredite, mas a felicidade nem sempre estará vinculada a fama, se nem mesmo o dinheiro é capaz de proporcionar tamanho feito, embora devemos concordar que ajuda.

Quantos desses nossos imortais eleitos tem problemas imensos ocasionados principalmente pela companhia da informação que os move, pela mania das pessoas em saber in loco aquilo que fazem ou deixam de fazer. Regressos da fama, viés cruel e selvagem que são fomentados por gente que muitas vezes se esquece dos seus pequenos e nobres problemas para dar vez ao namoro terminado pelos cantores, pelo jogador de futebol que se perdeu na putaria ao invés de marcar gols pelo seu time,enquanto isso nossa lista de dívidas cresce,multiplica,mas o que importa não é?

Doce mundo descartável esse que não nos permite erros, somos vítimas,somos alvos e flechas de todas as idolatrias que proclamamos. Lá na frente poderemos nos arrepender de seguir conceitos e pessoas que mais tarde identificaremos como seres bem distantes dos nossos heróis conclamados e perceberemos que ninguém é herói de ninguém, ninguém tem essa alcunha fora do mundo dos quadrinhos e de filmes do gênero.

Seja você o seu próprio herói, dotado de atos tidos como heróicos,por menor que eles possam parecer, num futuro bem adiante talvez alguém até lhe conceda uma salva de palmas e belos dizeres afirmando que você teve lá seus momentos de heroísmo, pode funcionar,pode até ser verdade,mas a essa altura, pouco importa.

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