quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Somos Todos Chapé


Que dia difícil...

Como é duro acordar diante de uma tragédia que de imediato nos dá uma pancada sem fim em todas as partes de nosso corpo, uma surra sem tamanho que talvez nenhum campeão mundial dos pesos pesados poderia dar.

A cada notícia uma nova pancada, mortos, feridos, sobreviventes em estado crítico, fios de esperança que iam se perdendo em meio a uma tragédia sem tamanho.

Que lástima.
Jovens jogadores, do nosso novo xodó, jornalistas aos quais acostumamos a ver trabalhando ali na nossa televisão e que pensamos jamais serem acometidos por algo tão devastador.

Que dor sentimos.
Não importa o time para qual torcemos, a dor foi unânime.
O desejo de que tudo aquilo fosse mentira estava estampado na cara de qualquer um enquanto incrédulos torcíamos para que tudo fosse um pesadelo, um engano do destino e que tudo aquilo não estivesse realmente acontecendo.

Não se mede uma tragédia pela quantidade de mortos,mas sim pelo tempo que ele leva para ser aplacado. A palavra é essa, pois não dá pra esquecer, macula a história, vira a lenda de setenta e seis vidas dentre oitenta e uma que partiam com uma ideia em conjunto que era conquistar a América.

O feito maior já tinha sido construído. O time que em pouco tempo foi subindo,até a elite do futebol nacional não se cansou de subir. Foram buscar estrelas maiores do que somente a estrela a ser bordada no manto protegido pelo índio Condá.



Não foi a primeira é verdade, infelizmente também não será a última das grandes tragédias a unir povos dentro desse sopro que temos e que chamamos de vida.

Pensei muito sobre o que escrever num momento desse, sobre não escrever e que se escrevesse por que escreveria. 

Grande verdade seria melhor dizer que o silêncio fala por si, mas a minha ficha ainda não caiu e ainda vai demorar a cair, o baque por toda essa tragédia atingiu cada um de nós de forma assustadora.

Escrevo aqui por que a dor que sente hoje a cidade de Chapecó e todos os envolvidos nesse horrível acidente supera barreiras, idiomas e fronteiras. Chegou até nós e apesar de termos forças não sabemos como usar.

Sei da dificuldade que é hoje separar aqueles que apenas desejam ganhar notoriedade sobre algo tão dolorido e que afeta tanta gente sem que a gente consiga evitar.

Não há clubismo, não há hinos, não há camisas de cores e tradições diferentes, após esse trágico dia vinte e nove de novembro de 2016 ganhamos um pensamento único de que a vida deve ser levada mais a sério, de que pequenos momentos podem significar muito e que em um segundo podemos perder vidas e mais vidas que amamos ou admiramos sem a chance de dizer um mero: Obrigado.

Como jogadores os membros da equipe da Chapecoense nos ensinaram muito mais do que toda a organização que fez o clube ser alçado da série D para a série A do futebol brasileiro, mas que podemos sonhar em um dia chegar ao topo com esmero, com trabalho, mesmo com todo o sofrimento.

O encanto veio do futebol sim, mas a tragédia mostrou com toda a certeza que não era só futebol.

Está lá, pra todos verem. Mesmo para os que não são amantes do esporte havia uma ponta de tristeza e da torcida pela recuperação daqueles que não tem a culpa de nada e que ainda lutam pelo seu maior título a vida.

A dor de um fato triste como esse demora a passar, mas aos poucos infelizmente muitos relevarão o assunto para que outras tragédias ganhem o noticiário. Triste fim de verdadeiros heróis.

Fim de um sonho que ganhou contornos muito maiores. 
O que seria épico pelo embate entre o pequeno gigante de Chapecó e pelo Colosso colombiano se transformou num rio negro de lágrimas e lamentos.

Perdemos o sentido, caímos no chão com uma pancada certeira do destino.
Destino que quis que o goleiro pegasse as cobranças de penaltis nas quartas, mesmo goleiro que executou um milagre no minuto derradeiro nas semis.
Destino oculto que infelizmente fez com que muitos sonhos parassem ali, nas montanhas de Medellin.

Causas, motivos, culpados, não há o que procurar ou o por que procurar, tendo em vista que infelizmente tudo já aconteceu. Ninguém poderia imaginar que seria assim.

Chapecó nunca mais será a mesma, o clube nunca mais será o mesmo, o mundo do futebol certamente nunca mais será o mesmo. Mas repito, não é só futebol...

Somos a união, somos a força que traduzimos as famílias e a cada um de nós que nos chocamos desde o momento em que recebemos a triste notícia e nos entreolhamos pensando: Podia ser eu! Podia ser a minha família.

O tempo vai passar, hoje somos todos Chape e que assim seja até que a uniforme dor em nossos corações apague as lembranças e os pensamentos que refletem essa triste tragédia.

Avante Chape!







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