sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

Ostra feliz não faz pérola



É normal que você nunca pense no quanto a dor e o sofrimento possam fazer por sua vida não é mesmo? Ou o quanto você pode se desenvolver mesmo dentro do seu pior pesadelo. O que você tem feito das suas dores? Quais as marcas cicatrizadas em sua alma? De que forma você se saí após toda a chuva torrencial sobre a sua vida?

Rubem Alves escreveu um livro conferindo essa temática. O afamado "Ostra feliz não faz pérola" ou como o próprio autor define o título: "A história onde a ostra para fazer a pérola dentro de si precisa de um grão de areia que a faça sofrer."

Ao sofrer a ostra entende que precisa envolver esse grão de areia pontuda que a machuca em uma superfície lisa que lhe tire outras pontas, logo ostra feliz não faz pérola.

E não é só com ela, mas digamos apenas que as pessoas felizes evadem da ideia de que precisam criar, não sentem a necessidade disso,sendo que o ato criador vem muitas vezes de uma dor,mesmo que essa dor não seja lá aquela dor doída.

As mais belas histórias de amor podem ter um lado ansioso,errático,até mesmo trágico,as boas canções tem letras profundas e retiradas dos confins da alma de quem sofre para compor,até mesmo as pinturas que mais expressam eram oriundas de artistas que se mostravam atormentados, sofridos.

Mas por que para se criar algo fantástico ou digno de admiração é necessária tamanha tristeza? Só poderei criar uma obra prima estando infeliz? Ao que tudo indica sim,mas não é necessariamente uma tristeza eterna,mas pelo menos por uma parte do tempo,até por que a vida é assim,uma hora se está em cima,em outras se está embaixo.

Para que o belo exista é necessário que o feio seja semeado diante dele,assim como os bons momentos devem ser aproveitados em sua plenitude,mesmo que não nos ofereçam nada demais. Eles não vão durar fisicamente mais, contudo serão lembrados por menos tempo do que os momentos tristes.

Não importa o que fizeram com você, O que importa é o que você faz daquilo que fizeram com você, dessa forma teremos uma evolução concreta a partir da nossa dor e sofrimento.

A ostra não podia se livrar do grão de areia. E como ele doía,machucava sua carne macia enquanto as outras ostras,felizes diziam que ela não conseguia sair da sua depressão. Não era depressão,era dor,dor essa que só poderia cessar ao se fazer a pérola.

Não costumamos ver aquilo que vemos realmente,vemos apenas o que somos,aquilo que representamos,mas a real beleza do mundo só é vista por aqueles que já possuem a beleza dentro de si.

Que tal fazer da sua dor a beleza que quer mostrar ao mundo?
Que tal transforma-la em uma pérola?

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