quarta-feira, 21 de junho de 2017

Tragédia Alheia


É fato que o ser humano em sua essência pode ter doses cavalares de um ser crível de uma morbidez capaz de realizar atos diversos que vão desde uma sordidez inexplicável até atos de bondade infundada recheadas de segundas intenções vindas de dentro para fora dos confins humanos.

Parece triste, parece fora da realidade,mas lá está o ser humano se entretendo e principalmente se divertindo com a tragédia ou com o sofrimento alheio seja lá quais níveis ele possa atingir.

Nossos pais deveriam reforçar a ideia de que quando não há a se dizer ou declarar é melhor que se cale, assim o silêncio se encarregará de preservar a imagem que temos de você ou quem quer que seja o orador.

O que dizer então da internet e do nosso globalizado mundo de onde as informações do outro lado do globo pipocam a nossa frente segundos após ocorrerem, sem filtros,sem cortes,sem qualquer senso do que pode ou não pode sem se criar uma discussão interminável e desnecessária sobre culpado ou inocente.

A falta de humanidade e um tanto de amor no coração faz com que a tragédia alheia seja disseminada aos montes,através de cliques rápidos que impulsionam ainda mais a compulsão por sangue de outras pessoas as quais tecnicamente não temos ligação parental ou de afeto.

Meio que deixamos de lado o fato de que uma hora ou outra podemos ser nós as vítimas da disseminação de uma tragédia da qual acabamos inseridos de forma involuntária, mas quase obrigatória.

O ser humano tende a isso, tende a aceitar a tragédia como uma forma de seu cotidiano, como de fato ela é,mas acabamos por nos tornar tão adaptados a esses fatos que agora procuramos tragédias novas ou mais premeditadas. Isso quando não reciclamos tragédias antigas com um toque a mais de dor e sofrimento ou um fato que antes havia sido deixado de lado ganhando frente.

São guerras em vão, discussões acaloradas daquelas que sabemos que não vão levar a qualquer lugar, mas que não adiamos, não deixamos para trás em hora nenhuma, por orgulho, por sede de combater ou por mera vontade de criticar mesmo.

O pensamento acompanha nosso psicológico e temos o psicológico totalmente adaptado para que vejamos o sofrimento alheio e disparemos opiniões a torto e a direito como se fossemos experts no assunto ou doutores em soluções aleatórias.

Já reparou quantos detetives temos para casos de assassinatos de repercussão? Quantas cientistas políticos para crises em meio a nosso congresso com opiniões difusas,mas com a clara certeza de que estamos certos acima de tudo.

Agimos com sadismo, sorrindo de forma cínica e acintosa para aqueles que nos desafiam e no interno, apenas nos ofendemos quando a tragédia alheia ultrapassa os limites do bom senso.

O problema é que sempre passa, mas cada um tem o seu limite e está sempre pronto para criar um ponto a mais afim de sair por cima de algo que não nos pertence. A tragédia é do outro, não é sua.

Claro, que seria excelente haver um consenso, uma união maior que impeça humanos de criar conflitos desnecessários e tragédias alheias para eles, mas vivas para nós, mas quem disse que a nossa natureza permite?

Ou criamos caso ou ignoramos. Ou abraçamos a causa ou fechamos os olhos e deixamos para lá.

A realidade é que não dá pra fugir.
Quem dera fosse possível apenas abrir um portal, estalar os dedos e viver em um mundo paralelo sem problemas e sem confusão. Seria ótimo, seria lindo, utópico talvez e certamente bem sem graça.

Corremos de confusão, mas se elas não existissem certamente arranjaríamos confusões e problemas novos. O drama vai existir sempre, até pra contrapor a felicidade. 

Resta a nós moldá-lo de uma forma que possamos exercer a compaixão com a tragédia alheia .

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