sexta-feira, 30 de junho de 2017

Mundo alheio



Olhe por essa janela...
Abre as cortinas e deixa que o mundo saiba que você está lá.

Não adianta chegar metendo o pé na porta, pois o máximo que você conseguirá é pegar o outro alguém desprevenido, nu, com pernas abertas ou em posição fetal e pronto para se defender eternamente.

Bate com jeitinho, espere abrir. 
Limpe a alma e os pés, afinal nunca se sabe o que trazemos com a gente antes de adentrar o mundo alheio.

Melhor ainda será aguardar o momento certo, aquela fresta deixada propositalmente e a pessoa de mão espalmada lhe convidando a adentrar seu mundo.

Uma vez convidado e dentro preste atenção aos sinais.
Olhe bem onde pisa, analise cheiros, cores e sons, note a diferença clássica na entonação de voz quando seu nome for chamado.

Cuide para que tudo esteja no lugar da mesma maneira que você encontrou.

É bobagem chegar "chegando", procurando formas de deixar as marcas profundas e importantes, não sei se sabe,mas as boas marcas e aquelas a quais nos lembraremos são deixadas devagar, sem pressa.

Um perfume deixado no travesseiro, uma atitude que parece boba em prol do outro e as palavras, ahhh as palavras.

Forte feito uma patada de rinoceronte elas podem dilacerar corações da mesma forma que poderão enaltecer e coloca-los em um pedestal.

Elas adentram a alma e se atrelam a tudo, se vinculando a cada milimetro dentro da gente e sem qualquer estimativa de saída eminente ou futura.

Melhor então não abrir a alma e dizer a ela coisas sem pensar. Deixa que elas se virem por meio de intuição e que se permitam que mesmo nos momentos de silêncio elas falem o que devem ser dito por nós.

Quando a alma explana o que queremos conseguimos ser nós mesmos.
Nos sentimos a vontade para agir e pensar da melhor forma, para pensar em como seremos naturais.

Portanto, se adentrar um mundo novo, desconhecido e que não é seu, mas onde você se sinta a vontade como se estivesse em casa, procure regar esse mundo com vinho.

Agarre-se a ele o abraçando e se atrelando a ele com vontade de ficar mais um pouco e de ser lembrado por lá.

Quanto ao tempo, nem mais nem menos, um minuto aqui, outro acolá, nada mais do que a vida desejar e permitir.

Afinal a vida sabe sobre nós muito mais do que nós mesmos.

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