segunda-feira, 11 de setembro de 2017

11 de Setembro


Acho que escrever sobre fatos tristes ou aqueles que chocam as pessoas tem sempre um ar de pesar sobre o que pode e o que não pode ser dito, podemos falar sobre males da vida,sobre como a nossa situação financeira está ruim e até sobre como a corrupção assola o nosso país com propriedade, com a firmeza de quem sabe do que está falando e vivencia tudo aquilo diariamente.

Em um mundo globalizado como o nosso temos as notícias num piscar de olhos e nos aproximamos de pessoas que não conhecemos e que provavelmente nunca teremos contato até por que estão do outro lado do mundo e por lá ficarão. Talvez seja esse o motivo de que quando uma tragédia de grande porte ocorre nos buscamos saber mais, buscamos falar sobre isso.

Nós passamos a nos alimentar e viver aquilo que vemos nas telas de nossos celulares, computadores e claro na "antiquada" televisão.

O 11 de setembro de 2001 talvez seja o mais significativo dia entre tanto dias marcantes para tragédias de grande proporções. Acho que é praticamente impossível que não saibamos o que estávamos fazendo naquela manhã e o que se iniciou ali.

Eu como um garoto de dez anos de idade na época,estava mais que focado em acordar rápido, ir para o quarto de televisão e assistir o meu desenho favorito. Ah Dragon Ball Z, na minha inocência infantil jamais imaginei que a interrupção da transformação do personagem Goku em um super sayajin nível três era por algo tão grande, por algo tão triste.

O plantão da Globo entrou, aquela música de quem já aguarda tragédia ecoou pela sala e lá estava a torre atingida. -Cadê o Goku? Cadê o Majin Boo?

Chamei minha mãe que naquele horário lavava roupas no quintal e contei a ela que uma torre (na minha concepção de criança a maior do mundo) havia sido atingida por um avião.

Eu ainda não sabia que era terrorismo, ainda não sabia o que era aquilo e tanto não dei importância que minha mãe seguiu no quintal enquanto eu corria de volta para a sala na esperança de que não perdesse o desenho que ainda era de longe o meu foco principal.

Quando retornei e olhei a televisão, parecia replay,mas não era.

Um novo avião, nova explosão a surpresa do repórter que cobria ao vivo e o caos mundial estava instalado.

A partir dali a tragédia estava na sala de cada um.

Talvez hoje a notícia correria ainda mais rápido, não tínhamos essa proximidade de redes sociais onde com um clique se sabe tudo ou quase tudo sobre o que acontece no momento exato em que aconteceu, basta ver que hoje diante do furacão Irma e seus efeitos devastadores sobre Miami sabemos muito sobre tudo aquilo que ele afeta ou ainda afetará.

Naquela manhã em Nova York não sabíamos de nada.

Não era acidente, não era roteiro de um filme de Hollywood, era o começo do terror.

As torres gêmeas, um dos mais importantes centros financeiros de todo o mundo era tragado na fumaça levando com ele vidas de cidadãos de todo o mundo e com ele também se esvaia a supremacia e a confiança americana de que era uma nação inatingível.

Osama Bin Laden se tornaria um nome comum no noticiário e uma figura dotada de reações diversas. Ainda hoje é difícil entender tudo aquilo.

Todo o horror de ver pessoas se jogando para a morte, acenos em desespero, gritos de socorro e as consequências de um novo mundo aberto após aqueles ataques não serão esquecidos. O memorial em lembrança das milhares de vitimas do World Trade Center ainda é pouco perto do tamanho de uma tragédia que após dezesseis anos parece viva na cabeça de todos.

Aquele foi o dia onde o planeta parou e seguiu estagnada e não digo isso devido as bolsas de valores congeladas após o ataque ou pelo começo de uma caça ao terror promovida pelo governo americano.

Ali vimos que somos pequenos diante do tempo, espaço e da cobiça humana. Independente de teorias da conspiração que possa haver, da recuperação a longo prazo que os americanos e o mundo possam tentar promover para esquecer certamente não teremos novas manhãs como aquelas.

Ainda bem que não teremos algo daquela forma. Tão épico e tão desolador.

Para minha felicidade eu ainda voltaria a ver o Goku se transformar num nível maior de super sayajin não apenas uma ou duas vezes, mas diversas vezes e até meu filho provavelmente um dia verá, mas o que o mundo assistiu naquela fatídica terça de setembro de 2001 certamente transformou a todos de uma maneira que foge da realidade plausível para qualquer ser humano.

Assim são grandes tragédias, se sobrepõem e são lembradas em carne viva, Bin Laden supostamente foi morto anos mais tarde, mas e ai? Seu legado de horror promovido ironicamente pelo próprio governo americano de quem Osama recebeu treinamento militar e fomentou seu ódio contínuo são eternos.

Ele negativamente se tornou um ícone na história americana e da humanidade propagando aquilo que não pensávamos ser possível. 

Talvez um dia lá na frente com tantas tragédias até "naturais" que a humanidade passou a enfrentar ao longo do tempo vejamos o 11 de setembro como apenas uma ponta do iceberg,uma lembrança ruim que se perde em meio a outras lembranças ruins de nossas vidas, mas para muitos será para sempre o dia que nunca acabou.

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