terça-feira, 12 de dezembro de 2017

28



Por Priscila Gonçalves

É! Ainda sou bem jovem segundo os mais velhos e mais experientes, mas minha idade não diminui minha percepção de vida e mundo, nem as experiências que vivi, nem mesmo o conhecimento que tenho. 

Cada um é cada um. E só aquele que passa, sabe porque passa. 

Tive perdas irreparáveis, e insubstituíveis. E ao contrário do que muitos pensam, comigo não tem dessa de "ninguém é insubstituível", nem mesmo as pessoas que já passaram por mim e fizeram alguns estragos. Reparados há tempo, diga-se de passagem. E que conste, sem ressentimentos. 

Ganhei presentes absolutamente incríveis da vida! Dentre eles, pessoas maravilhosas que deixaram em sua passagem um legado positivo, e outras que ainda permanecem em seus lugares, auxiliando quando vem o tombo. 

Aprendi que a casa bagunçada e suja, atrai mais sujeira, e moscas, parasitas. Deixo meu lar limpo o suficiente, para mim e para as visitas que chegam. Ah, mas se você chegar e estiver bagunçado, pode reparar, não tem problema.

Cada temporal que fez desabar meu telhado, logo depois me possibilitou ver as estrelas no céu que se abriu limpo. E as flores do meu jardim cresceram lindas como nunca! 

Aprendi a lidar com a ingratidão. Minha e alheia. Sem hipocrisia, todos nós somos ingratos em algum grau. Reclamamos demais quando temos muito, mas não agradecemos o que já temos. Nesta condição, aprendo todos os dias a ser um pouco mais agradecida. Até mesmo as tempestades. Lembra do céu estrelado? Das flores? Exatamente. 

Tenho o que é necessário, mas isso não quer dizer que eu me acomode. Não! Zona de conforto não é minha praia (não mais). 

Falando em zona de conforto, já reparou como nos deixamos ser levados pelo medo da mudança, do novo, do desconhecido? Então, é aprender a lidar com o novo, com as mudanças. Elas se apresentam todos os dias para quem está disposto a receber, e nem sempre vestem suas melhores e mais bonitas roupas. 

As vezes, as mudanças se disfarçam de situações estranhas, e te olham de cara feia. Mas quando você consegue desvendar o que há por trás, e percebe que é um tesouro de valor incalculável, muitas vezes, o maior dos seus sonhos escondido ali, você consegue lidar, aceitar. Quando vê, já saiu do comodismo, se remexeu como pode, tirou forças de onde não tinha, e se encontra em uma nova situação, uma cidade, um estado, um país, cercado de pessoas novas, que compartilham com você. 

E o segredo está em não deixar o medo se instalar no sofá. Se ele chegar, ofereça um café por cortesia e o ouça atentamente. Se não disser nada que faça sentido, convide - o sair. 

São só 28, e espero muito viver até os 100, quem sabe. 

Esta vida, apesar de difícil em alguns aspectos e momentos, é de uma beleza ímpar, e cabe somente a cada um de nós, deixar toda essa beleza se apresentar. 

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