quinta-feira, 23 de março de 2017

Meu Primeiro Bebê.Doc (12)


(Pais de primeira viagem relatam as delicias e as amarguras da presença do primeiro bebê de suas vidas. Na série Meu Primeiro Bebê.Doc veremos relatos feito por pessoas que se despuseram a contar esse marco de suas vidas sem qualquer custo ou a precisão de revelar a identidade. A todos que aqui deram suas declarações o meu MUITO OBRIGADO!)

"Conheci o pai do meu filho em uma festa,ainda nos vimos um pouco depois dessa mesma festa,mas logo depois ele mudou de estado. Passados mais ou menos uns três anos nos encontramos por acaso no ônibus e logo depois ele me chamou pelo Facebook.

Conversamos um pouco e depois de um mês de muita insistência saímos.

Eu já havia saído demais, zoado demais, curtido demais e me cansei disso. Já não via a hora de namorar, quietar e estar com alguém.

Saímos e pronto... Me apaixonei.
Começamos então a namorar, não demorou muito e engravidei.

O pai do meu filho apoiou o tempo todo, mas o desespero tomou conta de mim. Minha família é bem tradicional, minha mãe é daquelas que nunca deixou namorado dormir em casa, meu irmão é pastor e meu pai apesar de mais tranquilo não mora comigo.

Pensei ali que minha vida havia acabado.
O que faria com a faculdade?Com o trabalho? Qual seria a reação da minha mãe?Tenho que casar? Mas está muito recente!O que fazer?

Foram dois dias sem dormir, com pensamentos a mil e a cabeça parecendo que ia explodir. Só sabia chorar, mas enfim criei coragem.

Ao chegar da faculdade chamei minha mãe e pedi que ela fechasse a porta.
Por não ter esse hábito ela já se preocupou dizendo que não gostava daquilo.
Só consegui dizer que era aquilo mesmo que ela estava pensando.

No momento ela começou a chorar, dizendo que me pediu tanto para tomar cuidado, mas eu não ouvi. Eu chorava por tê-la decepcionado.

Continuei no quarto até o dia seguinte e só saí no outro dia na hora do almoço.

Silêncio total, ninguém conversava comigo e tampouco olhava na minha cara.

Dois dias depois minha mãe já levava lanches pra mim na faculdade, já que cursamos juntas e na mesma sala pedagogia, toda preocupada dizia que eu tinha logo de ir ao médico e aos poucos foi aceitando a ideia e sonhando junto comigo.

Dias depois não sei se por estresse ou por choque térmico tive paralisia facial. No hospital a médica sabendo da minha gravidez me receitou remédio abortivo,algo que só fui saber depois consultando com outros médicos. Não tomei o remédio e minha paralisia facial foi embora quinze dias depois.

Na primeira consulta para o ultrassom eu ainda tinha esperanças de que eu não estivesse grávida. Minha mãe me acompanhou e ao ouvir o coraçãozinho do meu filho tão pequeno, batendo tão rápido e forte,me emocionei e me apaixonei. Minha mãe então...

A partir daí eu acredito que passei a sonhar com o rostinho do bebê e desejá-lo mais do que nunca. Os hormônios a flor da pela me fizeram tomar raiva da cara do pai, o que dizem ser até normal. Só sei que não conseguia ouvir a voz do coitado que meu estômago revirava, resultado? Crise no relacionamento e terminamos.

Novas crises de desespero.
E agora, o que seria de mim? O que eu ia fazer da minha vida?Como comprar as coisas pro meu filho? O que fazer se faltasse algo pra ele? Foram meses assim até ter um sangramento e ir parar no hospital.

Se aproveitando da minha fragilidade no momento o pai se reaproximou e voltamos.Mesmo assim as brigas continuaram até que ao quatro meses descobrimos o sexo.

Ah eu já sabia, dizem que mãe sente não é?

Eu achava que tinha o direito de escolher o nome da criança, egoísta um pouco, eu sei, mas pensava. Quem carrega sou eu,quem passa mal sou eu,quem vai sofrer as dores do parto sou eu,então nada mais justo que eu escolhesse o nome. E assim foi! Heitor.

Nome forte e eu não conhecia ninguém com esse nome, não iria associa-lo a ninguém, então o pai meio relutante aceitou.

Heitor mexia muito na barriga, todos diziam que pelo estresse que passei na gravidez ele seria agitado, na últimas semanas de gravidez dormir era algo quase impossível, ele mexia muito como desde o início da gravidez eu senti.

Muitas dores nas costas e nesse período eu e o pai optamos pela união estável devido ao plano de saúde, o que no fim das contas não ajudou muito já que por conta da carência teria de ser hospital público mesmo. Mas logo ele estava de mala e cuia na minha casa e eu pensando: Casei no susto!

Quando completei trinta e oito semanas as dores nas costas ficaram muito piores, ganhei também dores na virilha que o sedentarismo deve ter contribuído. Com trinta e nove semanas bastava deitar que a barriga endurecia toda,algo que foi ficando contínuo e eu já não conseguia virar na cama.

Fui percebendo a barriga endurecendo com uma frequência maior e pensei: Aí Jesus as contrações!

Ainda continuei sentindo dor por mais umas três horas,até que não aguentei e chamei o pai e minha mãe.

A dor ia e vinha, devido a um pouco de impaciência do pai pedi que minha mãe ficasse comigo. O pai estava inquieto,nervoso e naquele momento eu precisava de alguém que me acalmasse e que soubesse pelo que eu estava passando.

Hospital lotado, sem vagas e eu lá aguardando em meio a mães gritando,passando mal ou até tendo os filhos ali mesmo até que eis que saí a minha transferência. Hospital Sofia Feldman.

Qualquer lugar menos lá. Conheço muitas histórias tristes daquele lugar. Fui orando e pensei que não conseguiria chegar. Eu sentindo as contrações e a ambulância caindo aos pedaços sacudindo para lá e para cá, mas enfim cheguei.

Com quatro centímetros de dilatação eu já fui direto pra sala do pré parto. O pai me deixava sozinha a todo momento com a sua inquietação até que pedi que ele saísse e minha mãe entrasse no lugar dele.

Passaram horas, exame de toque e nada de dilatação, eu me contorcia, passavam mais algumas horas, novo exame de toque e como doí essa porra e eu continuava com quatro de dilatação.

Fui então pra sala de parto. Bem grande,com cama,banheiro,banheira e tudo mais pra "ajudar" no parto natural. Algumas horas mais e outro "TOQUE" 

"Puta que pariu" já havia se passado quase dezoito horas,nada de dilatação e eu seguia em trabalho de parto.Me colocaram no soro e aí então eu vi minha vó pela greta,muita dor.

A cada contração, cada vez mais contínuas eu apertava a minha mãe e após novo exame de toque, finalmente seis de dilatação, pensei: Agora vai. Mas não!

Passaram mais algumas horas, outro exame de toque e nada. E eu exausta,cansada,fraca e nesse momento o desespero tomou conta de mim. Comecei a implorar pela anestesia já que já não tinha forças para quando precisasse. Cheguei ao ponto de pedir um cesárea até para a faxineira que passava.

Fui pra sala de anestesia e por três vezes erraram ao tentar colocar o cateter, me deram a anestesia, masela não pegou,sendo que de um lado do corpo eu ainda sentia dores.

A médica então decidiu romper a bolsa e é com a mão que ela faz isso. Eu já não sabia mais mensurar o tamanho da dor, mas aí sim nove centímetros de dilatação e era a hora de fazer força que eu já não tinha mais até que umas duas horas depois finalmente Ás meia noite e trinta e cinco do 31/03/2016 com quarenta e seis centímetros e pesando 2445kg,nasce o meu pequeno e o pai até cortou o cordão umbilical.

Contudo devido a tantas horas de trabalho de parto,que foram mais de vinte quatro horas. Heitor nasceu cansadinho.Não tive forças para segurá-lo direito. Levaram-no e o colocaram num bercinho do meu lado com o "Rude" um espécie de baldinho que cobre toda a cabeça do bebê.

Desde então meu pequeno ficou na sala de parto comigo e minha mãe. Mas eu tomei banho,vomitei e apaguei.

No dia seguinte os médicos disseram que teriam de subir com ele,enquanto eu inocente achava que iríamos para o quarto, mas o levaram num bercinho de UTI já que ele não tinha tido melhora e não conseguia respirar sozinho,levariam ele para mais exames.

O desespero tomou conta mais uma vez, eu queria proteger meu filho de tudo, como podia um serzinho tão pequeno sofrer? Vi ali que meu coração já batia ali do lado de fora, ali eu já sabia o que era o amor incondicional.

Fiquei desolada.A sensação de impotência é umas das piores que se pode ter. Eu e o pai só poderíamos vê-lo depois de uma hora, pois fariam os procedimentos necessários. Então passado o tempo fomos ver o pequeno.

Comecei a chorar, tive uma crise de choro logo que vi meu pequeno no oxigênio,sonda,acesso na mãozinha e aqueles fios que eu nem sabia pra que serviam. E meu filho ali, tão inocente,tão dependente e já passando por tudo aquilo,toda aquela situação enquanto o tempo passava e Deus ia acalmando meu coração. Meu filho precisava de mim.

O amor era tanto que por mim ficávamos ali vinte e quatro horas do ladinho dele. Eu e o papai. Foram três longos dias na UTI até que depois já sem o oxigênio e a luz fomos para a UCI onde ele já ficaria comigo, mas seria acompanhado de perto.

Foram mais três longos dias até que retiraram o acesso, a sonda e consegui fazer o Heitor pegar peito. Eu pensava que dar de mamar era fácil. Bastou mais um dia que a pediatra me deu a maravilhosa notícia que caso não apresentasse nada nos exames poderíamos ir para casa no dia seguinte.

No dia seguinte Heitor estava ótimo. A gratidão e a felicidade tomavam conta de mim. Durante os dias no hospital eu ouvi e vi tantas histórias,desde pessoas que estavam ali a mais de um mês com os seus bebês, longes de casa,família,aguardando cirurgia, pessoas que perderam seus filhos e outros que nem previsão de alta tinham.

Graças a Deus finalmente fomos para casa.
Inventei para amigos e familiares que os médicos proibiram visitas durante quinze dias para o bem do bebê. Era preciso isso, afinal eu estava exausta, só queria descansar e finalmente curtir meu filho.

E assim tenho feito. Curto meu filho, tiro todas as fotos, registro todas as fases,descobertas e por mais cansativo que seja amo cada momento com ele que me é compensado com um olhar inocente ou com um sorriso.

Hoje não consigo imaginar minha vida sem ele.

Hoje tenho outra cabeça, outros pensamentos, mas a prioridade e todos os meus planos giram em torno do bem estar e da felicidade dele.

Após ser mãe eu aprendi a ser filha, meu coração hoje bate fora do peito, aprendi sim o que é amor incondicional e ele está aqui dormindo ao meu lado.

Meu filho,minha vida!
Gratidão a Deus pelo presente!

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