segunda-feira, 24 de setembro de 2018

De geração em geração



Há um um interminável debate que consiste sobre a forma que as pessoas vão mudando o mundo ou o vendo de forma diferente ao passar dos anos.

Não será raro alguém relembrar que nos tempos dos nossos avós era diferente do tempo dos nossos pais,que assim será diferente do nosso tempo e bem provavelmente muito diferente do que verão nossos filhos e netos.

O mundo foi se encorpando,se adaptando ao novo e claro que nem todo mundo conseguiu se adaptar.

Talvez Darwin classificaria como seleção natural,outros apenas identificariam como comodismo,zona de conforto,mas o que não há como discordar é que o mundo mudou muito e que continuará mudando.

Nossos avós se acostumaram com uma geração com maior comoção pelo trabalho braçal,pela vida no campo,pelo hábito de se comer muito e sem medida e até por hábitos que hoje pode-se não ver tanto,como fumar por exemplo.

Nossos pais tiveram ali um início da globalização,claro que não foram todos que seguiram essa ideia,mas uma grande maioria acabou por digitalizar a vida.

Os grandes centros cresceram,os hábitos mudaram,tal qual o vestuário e os costumes.

Há quem ainda se apegue aos costumes antigos,ao cabresto de dizer que a liberdade de opinião e de vida deve ser igual aos tempos de nossos avós,mas como dizer isso se poderemos cair num contexto machista,onde a mulher não tinha tanto valor na sociedade.

Os antigos tem a sua parcela de culpa,mas ela não é totalitária. Já passamos pela escravidão,pela falta de direitos a todos e tudo bem,até hoje regressamos a alguns pontos base,mas felizmente já melhoramos algumas coisas,não tudo,mas estamos em uma constante evolução de crescimento.

As décadas vão moldando as pessoas,os hábitos e tudo aquilo que a vida vai trazendo no período pré revolucionário para o que quer que seja.

Conceitos caem, a terra por algum tempo não foi redonda,negro já foi classe inferior,mulher não podia mostrar mais do que a canela sem ser taxada de mundana,perdida e sabe-se lá mais o que.

Como eu disse não foram todos que mudaram. Ainda tem aqueles que caem na teoria da terra plana, o racismo,assim como diversas formas antigas e até novas de preconceito surgem estampadas em nossa cara todo dia. 

Ainda tem quem inferiorize a mulher,mas há também aquelas que se aproveitem dos homens. Surgiram o bullying e tantas outras crises psicológicas que vem da nossa geração e que vão ser consumidas com o tempo ou não.

Se nossos pais viveram a era dos cigarros e das drogas pesadas, passamos então a conviver com as guerras psicológicas ou com as bebedeiras desenfreadas tentando conter o que a nossa mente rumina.

Há muita informação e se por um lado isso é bom para que as pessoas procurem e se informem,por outro lado é ruim,já que nem toda informação procede,nem tudo é verídico e mesmo com tanta evolução e tantos casos disso ou daquilo ainda vejamos quem deboche de um mal tão comum como a depressão.

Passamos a ser pressionados pela velocidade do nosso tempo, nossos filhos sofrerão ainda mais essas consequências,se antes o mundo precisava de dez,quinze anos para promover mudanças pequenas, hoje em dia em uma semana o jogo vira como se nunca tivesse cogitado pender para o outro lado.

O jovem de hoje luta contra si mesmo,seja para ter a cabeça fria contra as pressões do dia a dia,seja para conter aqueles que dizem que ele está magro demais a ponto de estar doente, ou doente por estar gordo demais, há quem afirme que ele está apenas gordo,que para muitos se adjetiva como o feio,bonito,preto,branco,não importa.

Se nossos avós e pais viram a guerra física,com armas,canhões e a temida ditadura,nós e nossos descendentes temos agora o enfrentamento invisível,aquele que não está diante dos olhos,mas quem nem por isso deixa de existir.

É uma batalha interminável contra o novo, batalha essa que pode ser piorada quando nós que deveríamos promover o futuro passamos a conflitar por termos antigos,por um passado resolvido. Maldita hora em que nos demos a voz até demais, tem gente que projeta o futuro,tem gente que ambiciona o passado se esquecendo que já foi,passou,já era.

Quem vence? Eu,você,meu filho daqui alguns anos pensando em quanto um bisavô dele era vintage por pitar seu paiol na varanda,por saber que sua avó e avô gostavam da natureza e cozinhavam maravilhosamente bem ou quando ele souber que seus pais são da era digital,mas que amam mesmo é comer miojo e ver Netflix.

Como será a nossa geração no futuro eu não sei,não dá pra prever se eles darão passos para trás ou caminharão para algo melhor ou mais revolucionário que nos faça parecer arcaicos.


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