sexta-feira, 29 de julho de 2016

Pelo afeto da presença!


Doces tempos aqueles onde o amor de serenatas, cartões e exposto das mais variadas formas tomavam as ruas para que pessoas vivessem o sentimento de forma mais intensa e não tão descartável como é hoje.

Onde se escondeu esse amor que cedeu lugar as letras românticas em legendas de fotos, curtidas esporádicas com corações de gente que nem é tão fã do casal assim até as polêmicas e quase obrigatórias mudanças de status de relacionamento.

Claro que o clichê de fazer declarações para toda a rede são necessárias, por vezes encantam e até nos deixam contentes a cada palavra dita ali diante de uma foto com dois sorrisos permeando um belo casal.

Pena que se vive disso. Se ocultando declarações silenciosas e por muitas vezes mais valorosas do que essas. O amor quando amadurece permite isso, permite que encontremos um ponto mais específico para se dizer apaixonado por outra pessoa.

Apaixonado não só pelo status que a pessoa lhe proporciona nas redes ou pelo fim de rótulos que lhe são propostos. Passa-se a admirar o cansaço duplo, daqueles que uma massagem trocada vale ouro.

Daquelas que o abrir os olhos e ver um sorriso do parceiro pela manhã valha mais do que a longa espera da teimosia de parecer maior que o outro no whattsapp.

Maldito orgulho desses que ignora uma simples e saborosa caixa de bombons ou aquele filme que você decidiu ver novamente apenas por que a outra pessoa não viu.

Mulheres deveriam ser descabeladas em meio ao amor com seus namorados e maridos e não na aflição de pensar em perdoar esse ou aquele vacilo.

Que se perdoem as mazelas de estar perto com a maquiagem borrada como um urso panda, mas que seja tudo esclarecido no sorriso, na vontade de estar ali, presente, ao lado.

Tudo feito como uma troca. Mas uma boa troca. 

Do choro ao abraço
Das crises a irrelevância
Do sorriso amarelo ao beijo que abre portas.

Muito além de uma tela de computador e vários toque no teclado de um celular está o toque na pele, a sensibilidade de reconhecer o perfume e o sabor. Ah o sabor! Dos beijos, dos abraços, da felicidade de estar ao lado até o amargo de ficar segundinhos longe.

Difere-se o parecer querido por todos, o parecer amado por todos, afinal o que ninguém sabe ninguém estraga e assim toda uma grandiosa exposição perde sentido.

Pouco importa se ele curtiu a foto da modelo de biquini, se curtiu com um sorriso a piada sobre o cara solteiro. Prefiro aquele sorrir contido apenas para me agradar o último pedaço de chocolate que fica no papel apenas para que o doce dos seus lábios também estejam nos meus o esforço de não dormir para que eu não fique a falar com as paredes.

Como diria Roberto: "Detalhes, tão pequenos de nós dois, 
São coisas muito grandes pra esquecer,
E toda hora vão estar presentes,
Você vai ver."

Detalhes, pequenas amostras de dia a dia que se perdem em textões. (Não os culpo, afinal quem nunca!) Mas não há legenda fofa, daquelas mais adocicadas possíveis que substitua o olho no olho, o prazer do encontro entre lábios.

Temo assim que o verdadeiro sentimento se vá, nos deixe para se instalar onde verdadeiramente se valoriza o pequeno sem puras mostras do que é aquilo que cabe a duas pessoas,mas que é vazado ao mundo inteiro.

Quando a vontade de explanar pro mundo sua felicidade ao lado de alguém for maior que tudo lembre-se que o ego realmente fala alto, diria até que ele grita, mas o verdadeiro amor, fala baixo, apenas sussurra. 

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