sexta-feira, 6 de outubro de 2017

Sociedade Formal


Pra início de conversa é bom dizer que para entender aonde vamos chegar com esse texto é preciso que você seja um tanto quanto isento de preconceitos por alguns instantes. Não digo que a ponto de ignorar qualquer coisa que você seja contra ou propriamente deixar pra lá, afinal você não é obrigado a gostar de tudo, determinada coisa ou de algo só por que alguém disse que é bom ou por que a maioria faz assim. Não é isso.

Dizem por aí que a maioria é burra e talvez seja verdade levando em conta que nem tudo se aplica a todas as pessoas. 

Somos diferentes na aparência,nos gostos, vontades e somos julgados demais por isso ou por aquilo quando fazemos algo diferente ou que as pessoas não conheçam ou não esperem.

O mundo realmente anda um pouco chato, mas não é por que as pessoas estão cada vez mais padronizadas,mas sim por que elas se acomodam a essa padronização.

Na verdade nós sempre seguimos regras. 

Acredito até que com um pouco de sorte e coerência seus pais lhe ensinaram que respeito é bom e conserva os dentes,então fazer algo fora de determinadas regras pode acarretar resultados nada agradáveis de se ver.

Mas não é por isso que vamos ter sempre que ir no embalo da manada e fazer o que todo mundo diz que é certo.

Me vejo a anos atrás nos tempos de colégio.

Colégio apesar de reservar boas lembranças para a maioria pode ser um ambiente muito hostil para outros,principalmente se você é a pessoa a ser zombada. 

Hoje temos a casca protetora a qual demos o nome de bullying. Calma lá, não estou aqui pra defender o bullying,racismo,xenofobia ou qualquer tipo de conceito prévio sobre as pessoas, mas devo admitir que se houvesse o bullying com tanto fervor na minha época eu teria sido expulso de "n" colégios sem qualquer recomendação boa a meu respeito e teria "traumatizado" muita gente.

Sim,eu estava do lado oposto. Do lado de quem ataca, mas os tempos eram diferentes. Apesar de ter vivido minha infância e adolescência numa era pré digital e pré globalização mesmo quem recebia o ataque fazia parte do bando, era integrante da turma e acredite vez ou outra era defendido até por mim, mesmo que com apelidos que no auge da minha infância eu não visse como pejorativo.

Fazer a zoação com um colega, zombar do time adversário que perdeu, fazer piadas com o negro ou com o anão. Tínhamos a nosso alcance o politicamente correto totalmente esquecido.

Eu não me achava melhor do que o meu colega,apenas tirava sarro,mas não o isolava. Não era legal o que eu fazia, talvez eu pudesse ter prejudicado o desenvolvimento de alguns,mas havia uma pressão menor para que fossemos crianças programadas para falar corretamente e produzir coisas que já estão fixadas na nossa cabeça e na cabeça dos professores.

Hoje temos um mundo mais fechado para brincadeiras, levamos a sério demais coisas pequenas que caso fossemos parar para pensar atravancariam o progresso de coisas maiores. 

Olhamos para trás e vemos que a nossa infância foi boa até demais, tendo em vista que qualquer vírgula fora do lugar hoje em dia se torna algo destrutivo em massa e que logo seremos julgados pelo passado,futuro e presente do que dissemos ou pensamos.

Imagina como seria um Mamonas Assassinas, ídolos de uma geração de hoje adultos de média de idade entre vinte e cinco e trinta e cinco anos. Com letras politicamente incorretas,sem preocupações com arranjos ou solos vocais incríveis. 

Eles eram fodas pela sua alegria demonstrada, por serem os caras que rasgavam as regras e falavam de homossexualidade com graça, mal de nordestino sem ofensas indiretas. Mas e hoje.

Cada coisa tem a sua hora certa de acontecer, no mundo de hoje um Mussum talvez seria apenas mais um negro metido a engraçado por que jamais teríamos piadas com a sua cor temendo uma chuva de ataques por racismo.

Se falamos algo que seja indiretamente contra a mulher somos fascistas,machistas,opressores letais de um grupo que para muitos foge da alçada do feminismo e se torna algo ainda mais abominável. "Feminazi" 

O pior de toda essa politização e dessa busca por cercear o que as pessoas vão fazer e pensar é o fato de que muitas vezes se faz sem saber o por que daquilo.

Em momento algum você pode dar a sua opinião já que as pessoas preferem criar as próprias e ver você as repetindo aos quatro ventos propagando a opinião deles que provavelmente já vem de outras pessoas.

Se deixamos de ser crianças um pouco mais soltas para brincar com o coleguinha o que dizer quando assumirmos nossos postos de trabalhos, que ao invés de pessoas que buscam melhorar e alcançar seus objetivos profissionais nos tornaremos escravos assalariados e conformados com o que fazemos por toda a vida?

Talvez,infelizmente cada vez mais nos prendemos a inércia que nós mesmos nos permitimos. Difícil dizer se em algum momento as coisas vão melhorar e se vamos ter o divino exercício do livre arbítrio ao invés de permitir que a sociedade nos tome por completo.

Está tudo bem em ser diferente, em se assumir assim, chato mesmo é ser normal, manter o comum e nele ficar para todo o sempre.

Faça diferente!

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