quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

Nosso mundo fútil



Os dias de hoje parecem cada dia mais estranhos quando pensamos onde e quando vamos parar.

Cada vez mais cultivamos o corpo tornando populares dietas antes tidas como malucas, comidas veganas e por que não um crosfit para quem antes fazia apenas o levantamento de copo ou controle remoto.

Cada dia mais nos tornamos opinadores políticos,comentando com veemência tudo aquilo que vemos ou ouvindo. Ora atacamos com acidez, ora defendemos com unhas,dentes e fervor digno de um caldeirão lotado de emoções.

Nos falta senso para discernir coisas da vida,mas não nos falta qualquer sanção que impeça a tentativa de "lacrar" a cada resposta, a cada opinião jogada no vento para que as pessoas leiam, comentem,ataquem ou claro abracem como causa de vida.

Vivemos numa geração onde o mundo parece se importar em corrigir aquilo que fazemos ou apenas provar que é maior ou melhor do que o outro em relação a quase tudo.

Benditas redes sociais que propagam aquilo que antes talvez essa gente toda pouco importasse.

Quem quer saber o que você está comendo num restaurante chique que você mal sabe como vai pagar? De que importa os seus maravilhosos fins de semana regados a riqueza quando na segunda feira você vai estar num ônibus lotado olhando para o nada antes de ir pro seu trabalho?

Documentamos o desnecessário com muita frequência apenas para parecer legais e não pelo real objetivo de recordar bons momentos. Tiramos uma foto visando curtidas de gente que ambiciona aquilo que ali vê sem saber tudo o que se passa para chegar até ali.

Enquanto postamos e propagamos aquilo que não somos ou aquilo que não temos recebemos de volta mais futilidades do que utilidades quando pessoas desejam ainda mais para mostrar

Interrompemos a nossa evolução.

Passamos a tentar atalhos para aprender em segundos aquilo que deveríamos levar anos para entender e compreender de verdade. Passamos a acompanhar fragmentos da vida alheia e declarar aquilo como um todo.

Se postamos uma cerveja na sexta a noite então logo nos tornamos aqueles que "sextaram" e que sempre mergulham no álcool quando muitas vezes pode ter sido somente aquela, única e exclusiva. O chamado desafogo de uma semana tensa de um trabalho estressante e desgastante.

Somos perguntas, somos respostas, somos juiz e somos julgados, mas jamais admitiremos isso até por que condenamos aqueles que fogem do controle do sistema, que saem da curva ou apenas que nos contrariem.

Não há satisfação própria. 
Na verdade nunca estamos no lugar certo na hora certa ou nunca consideramos que finalmente a sorte sorrindo para nós com todos os dentes. 

Parece incrível que nós sempre cremos que o nosso plano de vida, da carreira ou o romance que vivemos é o melhor possível, que se pensarmos com afinco teremos uma filosofia capaz de mudar a vida inteira num estalar de dedos.

Nos falta certezas acerca do futuro, nos falta clareza de um presente onde nos enchemos de coisas que acreditamos nutrir o nosso eventual futuro e na verdade pouco sabemos sobre o que está sendo posto perto da gente.

Vivemos programados e prontos para sermos uma liquidação de tudo aquilo que nos fazem engolir e crer que é bom para gente sem antes consultar aquela pessoa que mais entende de nós mesmos. Não pensamos em nós, mas pensamos em como o outro está sem aquilo que eu tenho para mim.

Ao não conseguir suprir a necessidade de um sucesso de vida passamos então a acreditar que falhamos miseravelmente em tudo, em não conseguir ser aquilo que na verdade nunca fomos.

Se antes diziam para nós que poderíamos ser tudo hoje somos os grandes responsáveis por dizer aos nossos filhos que eles podem ser qualquer coisa,assim sem filtro,sem critério e sem qualquer fundamento que contraponha.

Sucesso vem aos poucos e imaginamos que em coisas banais ele nos tornará conhecido. Demora, mas um dia percebemos que o sucesso pouco importa, importa o que vivemos e o que ainda vamos viver seja na glória e fama,seja no total anonimato.

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