terça-feira, 28 de agosto de 2018

Á Mineira





Por: Priscila

Este é um texto muito pessoal, onde vou contar o mais detalhadamente possível minha vida nos últimos seis meses vivendo no Rio de Janeiro.

PV, o proprietário deste blog e meu amigo pessoal de anos, há muito me pediu um artigo sobre viver aqui.

Eu disse a ele que só escreveria quando tivesse inspiração e vivência suficiente. Pois bem, saindo do forno.

Minha história de amor com a Cidade Maravilhosa vem de muitos anos, mais tempo antes de eu efetivamente conhecer a cidade. 

Quando este encontro aconteceu, diferente de muitas pessoas, não me senti turista, mas tive um sentimento de reencontro com um antigo lar. 

Eu já pensava e até falava em morar aqui, e desde então foram várias tentativas frustradas. E durante um tempo eu desisti. 

Minha última visita (clique aqui) despertou novamente a vontade enlouquecida de "voltar pra casa". Sempre me senti assim aqui: Em casa. No lar.

Trabalhei muito, juntei um dinheiro, procurei um lugar, no meu caso uma república, e planejei minha partida. 26 de Janeiro de 2018 foi o dia que escolhi para renascer.

Na minha cabeça, eu vivi tudo que precisava em Belo Horizonte, e precisava renascer, recomeçar, ou até mesmo começar uma nova vida.

 Quando chegou o grande dia, depois de passar por vários conflitos com a família que era totalmente contra a minha partida, eu entrei no ônibus e pensei: " Que loucura eu estou fazendo?"
Saí com o pensamento de: "Se der certo eu fico, se der errado eu volto".

Nunca tive problemas em recomeçar, mesmo que deixar o passado as vezes seja extremamente doloroso. O apego é um veneno para a alma, queridos leitores.

Derramei algumas lágrimas e depois de sete horas de estrada estava aqui, de volta ao lar.

Fui bem recebida na república, e ali comecei a busca por um trabalho, já que não vim com nada certo.

Quando comecei em um restaurante na zona sul, pude ver a hostilidade de alguns colegas, e logo as coisas se complicaram e fui demitida. Não vou entrar muito em detalhes sobre isto, mas só existe uma palavra que define: Gratidão. Por tudo.

Passaram pouco mais de vinte dias e eu continuava desempregada, até que uma amiga me disse que seu tio, proprietário de uma cozinha industrial estava precisando de profissionais, e eu me candidatei à vaga. Logo fui contratada, e sigo trabalhando lá desde então. Mais uma vez, existe a Gratidão. Estou aprendendo muito, sobre infinitas coisas que não ha como detalhar em um único post. Ao chef da cozinha e ao meu patrão: Gratidão.

Não senti e não sinto a menor dificuldade de me acostumar ao ritmo de vida carioca. Se parece com o meu: agitado, inquieto, louco.
Algumas vezes comi o pão que o diabo amassou, e quem nunca? Os perrengues, os apertos são vitais para nossa sobrevivência, afinal, eles nos ensinam a ser mais fortes na prática.

Vi aqui, que a Cidade Maravilhosa é mesmo Maravilhosa, só está mal cuidada, jogada a própria sorte.

É estranho ver policiais dentro das viaturas com fuzis, mas é um mal necessário. O Rio de Janeiro não é esta guerra 24 horas em todos os cantos como a mídia que mais parece urubu rondando um cadáver gosta de mostrar.

Existe sim sua parcela de violência e bem grande por sinal, mas não é tudo.
Existe o trânsito caótico, lugares sujos e limpos, uma mistura étnica que eu nunca vi antes, e a sensação de "Terra de sonhos e de luz". Luz esta que anda meio apagada, mas que eu espero se acenda novamente.

Nestes seis meses eu estive em Belo Horizonte uma única vez visitando a família, e honestamente? Não sinto tanta falta assim não. BH é linda, é meu berço e eu amo imensamente, e jamais vou esquecer as alegrias proporcionadas e as tristezas que me fizeram mais forte e me prepararam para a nova vida longe dos meus.

Mas o Rio... Ah! O Rio. Sou dividida. Metade mineira e metade carioca. Mineiroca.

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