segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

Livre-se do ego



O ano recomeça e aí de nós se dissermos que pouco irá mudar. Corremos o risco de sermos execrados por uma sociedade que se baseia no fato de que o simples alcançar da meia noite do dia trinta e um de dezembro possa mudar tudo aquilo que não conseguimos realizar durante os demais trezentos e sessenta e cinco dias.

Os livros de auto ajuda parecem mais claros nessa época, talvez por expor uma versão de nós mesmos que precisa se desenvolver e criar novos fatos baseados em datas e certos períodos de tempo.

A grande verdade é que ao se aproximar do fim de ano damos um tempo para que os nossos compromissos diários não pareçam tão relevantes assim,tendo em vista que já os adaptamos a nossa odiada rotina e que após um certo "ganhar costume" passamos a absorver aquilo que já não nos parece tão ruim.

O ano vira realmente, as coisas vão mudar de lugar,mas não necessariamente dentro do período de doze meses, já que se não deixarmos alguns importantes fatores para trás acabaremos por fazer do ano velho apenas uma versão com ressaca do nosso novo ano.

Com o passar dos anos, ou simplesmente do tempo mesmo, acabamos por perceber que as formalidades nos tornaram pessoas distantes daquela jovialidade que gostávamos de aparentar. De tanto sofrer aprendemos a apanhar e endurecemos a nossa essência para nos tornarmos alguém que considera ser autêntico ou fora do comum como algo negativo.

A uma frase atribuída a Che Guevara que nos diz que devemos endurecer,mas sem jamais perder a ternura, acredito que Che sofreria as duras penas a vida cotidiana que vivemos hoje a ponto de talvez perder a sua "ternura" com imensa facilidade.

Vivemos a vida em manada, como animais, daqueles que se comportam de acordo com o que os outros dizem e agem de acordo com o que as pessoas planejam para a gente. Não há aquele que se destaque individualmente,até por que qualquer comportamento dedicado a isso é podado de forma a nos moldar para sermos algo que ainda não somos.

Pior ainda é pensar que somos moldados a não só fazer,mas ser literalmente algo que não queremos,algo que não planejamos para a nossa vida e que se possível gostaríamos de evitar. Passamos então a nos preocupar com o que temos ao invés de ser apenas nós mesmos.

Carro caro e do ano,roupa chique,casa de sabe-se lá quantos quartos,enquanto isso a vida passando diante dos olhos e as doenças do século vinte e um atingindo um número cada vez maior de pessoas,estando cada vez mais próximas de nós, cada vez mais dentro de nossas casas,dentro de nós.

Quantos estressados você conhece vida afora? Quantos com crise de ansiedade? Depressão? Todo um vazio que buscamos preencher naquilo que ingerimos para cobrir fotos no Instagram e tantas outras apenas para pessoas comentarem que nós possuímos e o quanto somos bem sucedidos por ter.

A grama do vizinho pode realmente parecer mais verde, mas pense bem se você seria feliz com aquilo tudo? Se te deixaria satisfeito ter algo que você não encaixa,algo que você tem apenas por ter.

Muitas vezes você pensou em botar a boca no mundo, chutar o balde sem a miníma intenção de busca-lo de volta e lhe fazer um afago,mas ficou lá,parado,onde tinha de ficar, ou melhor, onde lhe disseram para ficar suportando e engolindo os sapos e se anulando para que outros brilhassem,para que outros fossem vistos.

Você somou para outras pessoas e subtraiu para você, notou que todo aquele aprendizado que gostaria de ter escorreu pelo ralo e bem longe dos seus dedos onde você poderia agarra-lo e fazer dele algo construtivo para você e não para os outros.

Esquecemos dos gestos simples, os trocamos por componentes que muitas vezes não eram relevantes,mas que demos um excesso de importância. Não sabe o tamanho de um abraço, a importância de uma palavra de consolo dita por um amigo ou para um amigo, se bobear nem se recorda o sabor da sua comida preferida já que a correria é tanta que mal dá tempo de ter uma comida preferida.

Se divertir então. Tolice, deixa para os outros, vou me fechar em carranca e apostar no meu conformismo com a vida dura e de trabalho que levo para...para..para que mesmo?

A ousadia da adolescência que era capaz de questionar as coisas,a vontade de mudar o mundo,aquela curiosidade irresponsável que toda criança tem desapareceu, evaporou com o alcançar de uma idade que pode ser alta ou até mesmo baixa,pouco importa,contanto que você tenha ouvido o que eles tem a lhe dizer.

Mas o que aconteceu? Como foi que perdemos essas vontades?

Fizemos as coisas simples se tornarem complexas, difíceis de se realizar, pra piorar fizemos isso sem perceber,mas querendo fazer,passamos a nos culpar por não ser aquilo que antes queríamos,mas sem ao menos tentar ser essa pessoa.

Está na hora de fazer o caminho reverso, ir na contra mão de tudo aquilo que fizemos, reavalie valores, estime novas prioridades,faça as contas daquilo que é essencial,daquilo que vale e daquilo que não vale a pena, perdoe a si mesmo e até aos demais,afinal a vida continua, o ano se inicia e o tempo está mais uma vez começando a andar a partir de um determinado marco zero.

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