quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

Pv Pergunta.Doc (Fred Lício)


















(Dizem por aí que não existem perguntas totalmente certas ou tampouco respostas totalmente erradas,pensando nisso decidi sair perguntando por aí para conhecer boas histórias através de boas e más respostas.O Pv Pergunta vai buscar diferentes pessoas que se dispuseram a falar com o blog e contar as suas histórias sem qualquer custo. A todos o meu MUITO OBRIGADO)




Quem é : Fred Lício

Professor de história há quase quinze anos, Fred se divide entre as salas de aula e as causas humanitárias.


Fred também já foi filiado a um partido político de direita,mas após ver que não era bem o seu ideal caminha para a tentativa de ajuda a população carente pelos partidos de esquerda.




O Brasil tem um situação educacional caótica hoje em dia com milhares de crianças sem escola, um índice de evasão escolar imenso e de quebra ainda conta com pesquisas apontando que poucos estudantes pensam em se tornar professores,além claro de sermos o país que pior paga seus professores, levando em conta que ser professor nesse país é mais um ato de amor do que propriamente algo que se motive por dinheiro como virar o jogo? Como fazer com que a educação desse país entre nos eixos e tenha uma melhora?

Tem muito haver com ser o país que pior paga os professores como também as escolas sucateadas,a questão não é só o salário. A questão é que a estrutura que a gente pega é péssima, hoje em dia não se respeita mais a figura do professor igual antigamente, a gente fala por parte dos alunos e eu entro aí na parte dos alunos do ensino particular,não só do ensino público e eu acho que pra gente começar a virar esse jogo na educação, tem que começar estruturando as escolas. Eu sou de um tempo aí que o ensino público era tão bom, que muita gente preferia colocar no ensino público ao invés do ensino particular. Acho que passa por isso. Estruturação das escolas, condição de trabalho dos professores, bons salários,claro, pra gente tentar reverter esse jogo, hoje realmente não tem por quê você querer ser professor no Brasil

Muitos entendem que o professor tem um papel importantíssimo na formação das crianças seja pelo futuro ou socialmente,você tem em suas redes sociais ex alunos e alunos que passam a conviver um pouco com você e até a se tornarem amigos fora das salas de aula. O que representa para você a aproximação aluno, professor e você teve também aproximação com seus professores que de alguma forma te incentivaram a se tornar professor?

Essa questão de ter alunos (nas redes sociais) foi uma coisa que eu sempre me questionei quando eu comecei a dar aula, alunos me adicionando em redes sociais, pensava,será que devo,será que não devo, até que eu pensei assim: São duas pessoas, é o professor que tá dentro da sala e a pessoa que tá do lado de fora, eu Fred que tô do lado de fora, então não tem por que eu não ter contato com alunos que viraram amigos,sou amigo de ex professores meus de faculdade. Os vínculos se formam em vários lugares de convívio,a sala de aula é um deles. A primeira vez que eu pensei em ser professor foi quando eu tava fazendo cursinho,sempre prestei vestibular pra área de comunicação e tive um professor maravilhoso de história chamado Davi, no cursinho Modelo, que a aula dele era hipnotizante,foi a primeira vez que apesar de eu sempre gostar de história eu pensei: Cara eu quero ser professor!

As redes sociais e a própria globalização por assim dizer aproximaram muito as pessoas de gente que antes elas nem pensavam em conhecer tão de perto,da mesma forma que tomamos conhecimento de muitas informações irrelevantes ou diversas mentiras propagadas a todo instante nas redes. Você como educador passou pela fase onde a escola era a principal fonte de informação dos alunos enquanto hoje a internet se torna protagonista de alunos que recebem informações a todo instante na tela de seus celulares. Como muda a proposta do professor em sala de aula tendo em vista que muitas vezes o aluno vai dar preferência por consultar o Google ao invés de debater em sala de aula a matéria?

Eu não vejo essa mudança tão grande, das redes sociais,de Google e tudo mais, mesmo por quê quando eu comecei a dar aula já existia Google né, eu não sou tão velho assim (risos), mas no meu tempo de escola, sim, era mais difícil pra você estudar, pra você pesquisar. Pra mim não muda muito a proposta em sala de aula, pro aluno inclusive o Google é uma grande fonte de pesquisa,só que a gente tem de incentivar o aluno a filtrar a pesquisa dele, saber que aquela fonte é confiável. Em todas as minhas aulas,eu sempre falo muito de fontes, por quê é o início da coisa, na história pelo menos, você saber filtrar a fonte, saber de onde vem a água que você tá bebendo, de qual fonte você tá bebendo aquela água, por quê com essa propagação de fake news, tão lá os tiozão no whatsapp mandando coisa o tempo inteiro e tal, isso aí é muito perigoso. Então é imprescindível a gente focar no quesito fonte. 

Todos nós sabemos que nas escolas e salas de aula do país e até do mundo existem diversos tipos de alunos ou professores, seja aquele bagunceiro incorrigível,aquele que conversa muito em sala de aula,mas faz as atividades, o garoto tímido, tem o professor mais falante e "caridoso" até o mais severo, enfim. Temos então aquele fim de ano onde o aluno precisa de pontos,algumas vezes poucos, outras vezes muitos pontos, tem o momento onde somente o professor decide do tipo: "Olha esse aluno eu não vou dar dois pontos,arrendondar uma nota, por que durante o ano ele não fez por onde, mas esse aqui,se esforçou, tentou, dá pra dar três pontos pra ele. Se sim ou não o professor é livre pra ter essas atitudes com o aluno, ou isso é definido junto ao núcleo pertencente a matéria,diretoria ou quem sabe até a secretária da educação?

Na verdade essa questão de pontos dos alunos ela é mais discutida no conselho de classe, lá a gente leva o caso dos aluno e fala: "Olha tá por tantos pontos na minha, na minha passou,na minha não passou, e aí,vamo ajudar,não vamo, melhorou durante o ano,resolveu estudar" e tem a questão individual onde cada professor analisa. Eu nunca fui de segurar nenhum aluno por dois pontos. O cara tá por um,dois pontos, eu sempre dei esses pontos aí. Eu não acho que dois pontos seja o caso, embora a lógica diga,poxa, o cara teve cem pontos, não conseguiu tirar sessenta, a gente pensa nisso, mas a gente vê o esforço, um ou dois pontos,seja o aluno que for,bagunceiro,indisciplinado,faz nada,bagunça,um ou dois pontos nunca ninguém ficou comigo não. Agora quando as vezes é um pouco mais, três,quatro pontos,aí você segura um pouco e leva pro conselho de classe até pra você ver com os outros colegas também,pra analisar,então a maioria é mesmo decidida no conselho de classe. Aí no conselho de classe vai valer o desempenho do aluno,a disciplina,vai valer muita coisa mesmo.

 O professor é aquele responsável por ter um contato direto com o aluno e muitas vezes identificar possíveis problemas que o mesmo possa ter que afetem o seu desempenho. Como é para o professor identificar problemas como um abalo psicológico do aluno em meio ao ano, um aluno que sofre bullying dos colegas,tema que antes era ignorado e que se tornou recorrente nas escolas, outro fato mais grave como a dificuldade em uma matéria ou em casos mais elevados uma dislexia?

Essa questão que você tocou é muito importante, por que na minha época não tinha existia esse trem de bullying né. É uma tônica dos mais velhos falarem isso,mas não é bem por aí,sempre existiu,era um problema que não era identificado,como outros problemas como a dislexia,dificuldades,fatos isolados como por exemplo morrer a mãe do aluno,a menina que fica grávida,então vários casos isolados. Eu acho que o professor ele tem obrigação de identificar esses casos hoje em dia,a gente não pode virar as costas pra esse tipo de coisa. Então a gente tem essa obrigação de perceber e falar: Olha,fulano está sofrendo bullying,estou percebendo isso,eu vejo na sala de aula todo mundo mexendo com ele e tal e tem que passar isso pra direção,pra coordenação. Esses problemas é obrigação de nós educadores sim de identificar isso, em alguns casos são fáceis de serem identificados em outros nem tanto,mas a gente tem sim a obrigação de estar ali presente e tem sim que discutir entre os colegas,não só no conselho de classe,mas na sala dos professores,sentou ali e falar: "Vocês já repararam fulano?""O que vocês acham desse caso?" Eu fazia muito na minha época de colégio publico,ali com os colegas e muitos colegas faziam também. Sobre os casos isolados assim, é complexo, tipo, o pai do menino morreu,aí as notas dele começaram a piorar,mas e aí!? Chegou num nível que o cara tá por dez pontos em cada matéria não tem como você ajudar tanto assim, você vai ajudando no decorrer do ano,tentando conversar,mas no conselho de classe é complicado você levar uma situação se ela já estiver numa gravidade do menino estar com muito ponto em muita matéria. Tive um caso de uma aluna,que era uma aluna espetacular,fantástica mesmo e que todos os professores elogiavam e ela engravidou. E aí engravidou foi indo,foi indo,foi indo e aí saiu da escola,as notas foram caindo,Era uma menina de uns quatorze,quinze anos não tem estrutura pra tá grávida e continuar frequentando a escola, é muito difícil de acontecer,com boas notas,então são casos assim que passam um pouco do que a gente pode fazer,vai além da nossa capacidade de ajudar,mas são casos onde sei lá a mãe ficou doente,faltou muito a aula pra ajudar,perdeu trabalho,perdeu prova,aí no conselho de classe,tá por dois pontos na minha matéria,por um naquela, então vamo passar esse menino,vamos tentar ajudar em mais matérias, ou deixar em menos recuperações,isso a gente discute sim nos conselhos de classe. 

Você falou dessa aluna de quatorze,quinze anos que era elogiada pelos professores e que acabou grávida e não conseguiu acompanhar. Generalizando e colocando por um fator que tem se tornado cada vez mais comum nas escolas, inclusive numa das escolas em que você trabalhou (A aluna Ludmila Fernandes de 18 anos foi assassinada nas proximidades do colégio onde estudava em novembro de 2011 com cerca de vinte perfurações de chave de fenda) em outro caso um aluno foi agredido em um colégio de Belo Horizonte e acabou morrendo. (Luís Felipe de 17 anos, foi agredido por colegas durante uma partida de futebol no colégio e faleceu dias depois no hospital em novembro de 2018),há também colégios com grande índice de suicídio de alunos que não conseguem nota o suficiente ou assassinatos de colegas de sala das mais variadas formas. Como trabalhar com uma turma num caso desses, onde não é apenas um trauma individual do aluno,mas de toda uma turma,assim como de um colégio por inteiro que conhecia o aluno que faleceu,que gostava da pessoa,enfim que convivia com ela. Como é o trabalho do professor e do colégio pra recuperar uma turma que é abalada dessa forma?

Lembro desse caso sim,ela não foi minha aluna,mas eu ainda dava aula no colégio ou tinha acabado de sair de lá quando aconteceu, é uma das duas coisas,mas ela era de outro turno também,eu dava aula a tarde e ela estudava de manhã. É complicado,acho que a função é mais da escola,da orientação pedagógica,das conselheiras,das orientadoras,passar por SOE (Serviço de orientação educacional), por orientação essa coisa toda,mas acho também que é um trabalho diário dos professores,de tentar buscar motivação ali e isso tem que ser feito em conjunto, não é com um professor só, tem que continuar buscando motivação da turma. É complicado mesmo, eu não cheguei a passar por isso, ainda, eu tive alunos que faleceram,mas eram ex alunos na verdade,então não cheguei a passar por isso de perder um aluno da turma assim por questão de morte, mas é isso, passa pela orientação educacional, a base tem que ser a escola,ela que tem que ditar como vai ser a partir daí,mas é um trabalho de formiguinha dos professores todo dia,tentando minimizar aquela dor pra turma não ficar ali tão abalada,mas é complicado,muito complicado.

O fato de perder um aluno,seja por evasão escolar ou por qualquer outro motivo,como a gravidez na adolescência gera uma frustração no professor pelo fato do aluno, muitas vezes um bom aluno, estar perdendo uma oportunidade,embora que a educação,apesar de não ser a única salvação do país e ser apenas um vértice disso?

Frustração assim de você não conseguir ajudar um aluno,principalmente se você vê potencial naquele aluno. Do mesmo jeito que a gente fica muito feliz e é muito gratificante quando a gente consegue levantar o aluno,quando a gente não consegue seja pelo motivo que for. Ah! É bom aluno,mas enfiou nas drogas. Ah! É bom aluno,mas não quer assistir aula. É boa aluna mas ficou grávida e teve que sair da escola. Ah uma frustração sim,mas são casos isolados. E a gente sabe que apesar da gente ter essa frustração, muitas vezes a gente fez o que a gente podia fazer. E aí eu completo a sua pergunta. Eu sou um cara que me entrego ao máximo nos trabalhos que eu faço,desde que sejam trabalhos que eu goste,obviamente, eu não vou ser hipócrita de falar assim: "Ah vou trabalhar num escritório de terno e gravata e vou me entregar" "Não,vou trabalhar no escritório de terno e gravata,por que estou precisando de dinheiro" ,mas da minha profissão,do que eu gosto de fazer, eu vou me entregar sempre.

Teve algum fato em sala de aula, digo de ensinamento,as vezes de repreensão de aluno, uma coisa que você queria e não conseguiu fazer, teve algum ponto que faltou? Alguma coisa que você não ficou satisfeito,um arrependimento?

Sobre uma decepção ou algo que eu poderia ter feito mais. Bom,talvez se eu tivesse aplicado (risos) de verdade a doutrina marxista na escola,que fala que nós professores fazemos,talvez se eu tivesse feito isso de verdade, não tinha tanto ex aluno meu votado no Bolsonaro,mas fazer o que né.

Em alguns colégios o aluno após duas reprovações é jubilado do colégio e ainda tem diversos critérios para que o aluno tenha tantas recuperações sem que seja reprovado direto ou então de acordo com um determinado numero de pontos para que não seja reprovado diretamente em uma matéria. Bate na cabeça do professor,mesmo que as vezes ele possa ter uma birra do aluno, por causa do comportamento dele em sala a ideia: "Poxa o aluno não se esforçou,mas tá por dois pontos, mas ele vai perder dois anos da vida dele,em alguns casos até mais do que isso?" Isso pesa na cabeça do professor e até no conselho na hora de definir se vai dar,ou não pontos pro aluno?

(Risos)Você que acha que professor não toma birra de aluno (risos), professor toma birra de aluno pra cacete, o tempo inteiro tem birra de aluno, mas só que a questão é que você tem que saber diferenciar as coisas. Já conheci professores que tomavam birra e falavam: "Esse aí,comigo não tem chance nenhuma" isso no meio do ano,mas a real que muito poucos. A maioria pensa igual a mim, aluno é aluno e não interessa se é mal ou se é ruim,se ele tiver desempenho, por que eu tive alunos que eram ruins,mas que depois começaram a se esforçar,se esforçar pra passar de ano e acabaram até passando, eu ajudei com ponto e tudo mais,enfim. Então a gente toma birra de aluno sim,mas a gente tem que ser profissional,tem que tratar o aluno com a birra do mesmo tanto e cara eu penso pra cacete nisso ai (aluno perder pontos por poucos pontos), por que eu tomei bomba na escola, então eu sempre pensava: "Poxa,aqueles anos que eu tomei bomba, poderiam ter sido anos que eu estudei,que eu passei,poderia ter entrado mais novo na faculdade" Então pra mim pesa, eu sempre penso: "Esse cara aí vai agarrar um ano" por minha causa ele não vai agarrar um ano,mas na verdade num é nunca por nossa causa, mas se eu puder ajudar de alguma forma eu vou ajudar sim,igual eu falei, não vou dar dez pontos pro cara,não tem como fazer isso,mas um ou dois pontos,dependendo do caso três, isso aí é pra qualquer um, o que eu tenho birra ou o que eu não tenho.

Entrando num tema meio pra não dizer totalmente polêmico,a gente tem hoje a cota pra negros em faculdades que ao meu ver hoje é muito mal utilizada, primeiro por que você tem alunos que não se enquadrariam totalmente como negros,embora que no Brasil nós temos essa mistura de raça onde todos seriam um pouco negros de sangue de certa forma. Você concorda com a cota? Acha algo necessário?Ou vale mais como uma indireta forma de preconceito vão surgir alguns que vão virar pro aluno negro e dizer: "Você só está entrando na faculdade por ser negro"  Ao mesmo tempo que você restringe a chance dos negros, principalmente por negros estarem hoje em escolas publicas e sem condições de competir de igual pra igual por uma vaga com os alunos de escolas particulares?

Primeiro que são duas coisas diferentes,mas dois caminhos que seguem paralelamente aí, primeiro de melhorar o ensino publico para o aluno da escola publica,conseguir acompanhar o ritmo ou pelo menos conseguir chegar perto,o que´é difícil, já que o aluno de escola particular que tem uma estrutura muito melhor e vai ter sempre o melhor,independente do tanto que se melhore aqui,ah não ser que aconteça um milagre aqui, sei lá. E o outro caminho que é a dívida histórica que nosso país tem com os negros,isso são coisas diferentes, pra um país que passa por trezentos anos de escravidão,mais de trezentos na verdade,não dá pra apagar isso e dizer: "Ah isso foi a tanto tempo atrás"  Tem a dívida histórica sim, isso tá gritante, vai num hospital aí e vê quantos médicos negros tem,entra num escritório de advocacia e vê quantos negros têm ali, vai numa empresa multinacional e vê quantos negros trabalham ali. E só quem é passa por isso,diariamente. Eu que sou e ainda sofro por uma outra parte que a galera fala assim: "Mas você nem é tão preto assim" Eu sei o que, que é você entrar numa entrevista de emprego e saber que você não tem as mesmas chances que os outros que estão ali,então isso é questão de dívida histórica. A cota é importantíssima e tem que continuar existindo justamente por causa desse tipo de pessoa que você mesmo citou que vai chegar lá assim e dizer: "É você tá aqui por que você entrou por cota"  É o mesmo cara que não vai contratar um negro. Como é o caso do nosso "queridíssimo" presidente da republica que fala que não entraria num avião dirigido por um cotista,não deixaria um médico cotista operar ele. Esse tipo de discurso que a gente tem que combater e a gente combate da melhor forma de combater isso. É colocando mais negros dentro das universidades e é formando mais profissionais negros e é pelo sistema de cotas,não tem outro jeito,por que as chances são muito desiguais,são muito desproporcionais. 

Você tem um grande engajamento por causas sociais e tem feito diversos trabalhos em ocupações de Belo Horizonte e comunidades carentes em geral. Infelizmente há um certo temor e também preconceito de parte da sociedade com a população carente, tanto no quesito financeiro quanto no acesso da educação de uma forma geral. Como é feita a aproximação com essas causas sociais e com os alunos dessas ocupações? Há diferença na recepção ao professor nessas áreas? 

Olha nas ocupações essa questão da valorização do professor quando você faz de forma voluntária,você é muito mais valorizado, é claro que não financeiramente. Então seja nas ocupações,seja no cursinho de baixa renda que eu dou os meus trabalhos voluntários, nos meus trabalhos voluntários eu sempre fui muito mais valorizado pelas pessoas do que quando eu recebi pra dar aula. O respeito é muito grande,a valorização que eu falo é nesse sentido. Há um respeito muito grande pelo professor nessas ocupações. Obviamente há um preconceito por parte da sociedade com essa população,mas aí voltando lá na primeira pergunta. A gente faz por amor, entendeu!? A gente não faz pelo dinheiro. Hoje em dia eu ganho muito pouco dinheiro como professor mesmo,eu trabalho em outra área,mas eu faço por quê eu gosto, então eu tenho prazer em ensinar,pra mim não interessa o fulano ter lá um preconceito,eu vou lá fazer o meu trabalho,vou ajudar da forma que eu me propus a fazer por juramento que é ajudar na educação das pessoas sim, preparar aquelas pessoas pra mim é uma grande alegria, poder chegar numa ocupação,chegar numa turma mais carente e poder levar um pouco do meu conhecimento pra esses caras. Tentar fazer com que eles cheguem um pouco a igualdade em competir num ENEM da vida, por exemplo. Tentar preparar um cara desses,pra mim é uma honra muito grande, faço de coração aberto mesmo. Essa aproximação com as causas sociais ela se deu naturalmente, eu dou aula voluntária desde que eu comecei a dar aula, minhas primeiras aulas foram voluntárias e nunca mais parei, tô indo pra se não me engano quatorze anos de sala de aula e sempre dei aula voluntária e não vou parar, enquanto eu puder eu vou ajudar. E aí você conhece um pessoa que tem um projeto,conhece outra que tá ligada a outro projeto,então vai saindo de forma natural,quando você assusta você já tá igual eu, com três projetos voluntários pra dar aula no ano que vem (2019)

Esse é um caso que eu coloquei embora eu tenha visto pouco pessoalmente,mas ouvi diversos relatos,onde o aluno de escola particular com o aluno vindo de escola publica,aquela coisa de o aluno vir por exemplo pra uma universidade federal e ter vindo de escola particular ele tinha um status,enquanto se ele vinha de uma escola publica ele tinha outro conceito. Você já teve em escolas particulares aquele aluno que virou pra você e disse: "Ah sou eu que pago o seu salário,eu não vou te respeitar por causa disso"?Enquanto em escolas publicas ou em ocupações que você trabalha há um respeito maior com a figura do professor,algo dito nas suas primeiras respostas do aluno de uma ocupação virar e falar: "Olha o cara veio aqui me dar aula, o cara veio aqui me ajudar, o cara veio aqui trazer o conhecimento dele pra mim e me ensinar alguma coisa" Pra você,óbvio que ver um aluno seu se dar bem na vida é de qualquer forma,mas há uma gratidão maior em ver um aluno saído lá da ocupação,lutar,batalhar,vencer na vida, foi seu aluno e hoje tá lá em cima, essa gratidão pelo resultado do aluno da ocupação é diferente?

É eu passei por essa situação em escola particular,só pra deixar bem desenhadinho,aluno de quinto ou sexto ano,não me lembro bem que eu chamei a atenção dele,ele continuou conversando,fazendo bagunça,chamei de novo,falei que ia botar ele pra fora da sala e ele falou que não ia sair e que eu não ia tirar ele por que ele pagava o meu salário. Aí eu falei: "Aqui,você tá muito enganado de achar isso, eu sou funcionário da escola, quem paga o meu salário é a escola,não é você e você vai sair da sala agora e não vai voltar mais hoje." Nunca passei por isso em escola publica né, obviamente,mas eu sinto prazer em ver um aluno meu de escola particular que passou em primeiro em medicina,vai ser um orgulho imenso,mas eu ter um aluno meu que saiu da ocupação e passou em quinquagésimo em medicina pra mim vai ser muito mais orgulho,de verdade.

O Brasil é hoje segundo dados de agosto de 2018 o terceiro país com a maior taxa de evasão escolar "ganhando" apenas da Bósnia e o das Ilhas São Cristóvão e Névis no Caribe dentre uma lista dos países com 100 maiores IDHs, fato que é aumentado principalmente pela falta de interesse escolar, apoio da família e claro a condição financeira da mesma que acaba fazendo do jovem aluno um complemento da renda familiar ou até arrimo de família com o fruto do seu trabalho. Como conter essa prática cada vez mais comum entre os alunos brasileiros?

Pois é cara, eu não sabia que o Brasil já era o terceiro com maior taxa de evasão. O fato é que a gente sempre lidou muito com essa evasão em escola estadual,em escola municipal, nos cursinhos populares que eu dou aula,enfim é um problema seríssimo, jamais acho que  é falta de interesse ou apoio familiar, pelo contrário,acho que as famílias incentivam o filho a estudar,são vários fatores culminados e o principal deles é realmente a pobreza. Então quanto maior a pobreza,maior vai ser a evasão escolar,então como a gente vem num crescimento, na volta do Brasil a miséria depois de alguns anos, onde a gente tá voltando a ser um país com uma taxa miserável muito grande a gente vai esbarrar nesse problema novamente, por que as famílias muitas vezes não tem condição de dar um uniforme pra aquela criança,de levar ela pra escola,de comprar um material escolar, por que a gente sabe que não é só ter o ensino publico, tem um gastozinho e muitas vezes o menino vira adolescente e ele prefere trabalhar do que estudar,então tudo tá sempre ligado a miséria. E enquanto a gente não conseguir combater essa miséria, vai aumentar e vai aumentar cada vez mais, esse terceiro aí vai virar primeiro fácil, fácil, por que com a miséria voltando, vai voltar a evasão escolar,elas crescem juntas.

A pobreza é um fato certo nessa questão de evasão escolar já que o aluno jovem chega ao ensino médio e acaba precisando trabalhar ou preferindo trabalhar pra ajudar a família e até a família por necessidade acaba pedindo um pouco isso, por precisão,essa questão de evasão escolar passa também pela qualificação do professor e da estrutura que ele recebe, já que aí o professor se sente um pouco mais desmotivado e acaba que o aluno sente isso e junta tudo, a necessidade de ir trabalhar pra ajudar a família e a desmotivação por não ter uma estrutura bacana pra estar em sala de aula, ou tenho dificuldades pra chegar até a escola,então ele acaba dando preferência em ajudar a família ao invés de ir pra aula? Outro fato é que temos em Belo Horizonte o trabalho das UMEIS que é bem feito capacitando alunos do pré até a chegada ao fundamental ,muda muito a cabeça do aluno que desde lá do pré é preparado em escola pública pra aquele aluno que desde o início não teve dificuldades,sabia que poderia passar com mais facilidades e que sempre frequentou a escola particular?

Pode ser que influencie o professor, influencie também na evasão, mas não acho que é o principal ponto não,acho que em casos isolados,por que, por exemplo eu tive péssimos professores,como tive ótimos também e eu não deixei de estudar por causa disso. Eu tive uma professora de matemática e matemática que alias sempre foi difícil pra mim e no segundo ano eu tive uma professora de matemática,que era péssima.Péssima mesmo. E eu não deixei de estudar por causa disso. Pode influenciar,mas em casos isolados,mesmo por que na escola a gente tem vários professores. O método de ensino do colégio,com professores mais antiquados e a gente tem que se adequar. A pouco tempo atrás eu pensei: "Gente, eu tô dando a mesma aula que eu tô dando no cursinho popular que eu comecei a dez anos, eu não posso continuar, os tempos mudaram em dez anos,eu tenho que mudar também a dinâmica da minha aula, o professor tem que ter essa autocrítica também. Em relação as UMEIS é um trabalho muito bacana,mas a gente sabe que é um outro contexto,ensino publico,as UMEIS tão aí de parabéns,mas a gente sabe que quando chega no ensino fundamental e ele continuar no ensino publico,numa escola sucateada,passando por todas as dificuldades,assim como no ensino médio,aí quando ele for concorrer com o aluno de escola particular,ele não vai conseguir,por que ele não teve a menor base,a menor estrutura ,a base do ensino que a gente sabe também que a UMEI é boa,mas tem que melhorar muita coisa também,principalmente na valorização dos professores e dos profissionais que estão ali dentro. E aí a gente agora tem as UMEIS,aí agora vamo melhorar o fundamental,beleza,melhoramos o fundamental,vamo melhorar o médio,aí talvez a gente consiga chegar a um ponto do aluno brigar ali pau a pau como era antigamente na época dos meus pais. Enquanto isso não vai ter UMEI que resolva,se o fundamental e o médio continuarem a mesma coisa.

Nos últimos tempos temos tido diversas discussões a respeito da escola sem partido e também da escola sem religião, levando em conta que de qualquer forma indiretamente o aluno será influenciado ("doutrinado") pela opinião não só do professor ou de outros alunos, mesmo que o mesmo não queira fazer isso, não seria mais correto tentar abrir uma discussão para que os alunos sejam apresentados de forma educacional a práticas mais comuns de nossa sociedade como por exemplo noções de direito e política do que propriamente a saber coisas técnicas e que provavelmente não usará mais de forma prática de sua vida?

Eu sou um defensor de noções de direito desde sempre,desde que eu comecei a dar aula, eu falo que tinha de ser uma disciplina do ensino médio e a gente vai em contraponto de outras coisas como por exemplo, religião. Religião a gente não aprende na escola,ou pelo menos não deveria aprender, religião a gente deveria aprender com a família,com a igreja,com o centro espirita,onde o cara frequenta,não em sala de aula.O Brasil tenta ser um estado laico,mas na verdade não é,com ensino religioso dentro de sala de aula,que pra mim é absurdo. Sobre a questão da escola sem partido, na verdade o escola sem partido nada mais é do que uma escola com partido regressista, a base do projeto escola sem partido é você pregar idéias partidárias conservadoras,então não existe escola sem partido, nem nunca vai existir. E aí eu acho que é função do professor trabalhar,principalmente nós de humanas, trabalhar também a mente, nunca influenciar, eu nunca cheguei numa sala de aula e influenciei aluno A,aluno B,aluno C, ou a turma inteira em questões de politica. Agora você tem que abrir o pensamento do cara pra ele fazer as suas próprias escolhas,você tem que colocar o camarada pra pensar,você tem que colocar o aluno pra pensar,agora muito me preocupa algumas questões do escola sem partido pregam, poxa, eu sempre separei.Desde o meu primeiro dia de sala de aula eu entro já falando pra galera separar religião de história. História é história, religião é religião, então a gente tem que estudar história como história e não como religião e a escola sem partido, entre aspas, ela mistura muito as coisas e isso me preocupa bastante,de verdade. 

Na última eleição presidencial você assim como muitos se dispôs a conversar com as pessoas que tinham dúvidas do seu voto,para que elas entrassem em consenso contra o presidente que acabou sendo eleito. Houve procura das pessoas para esse diálogo e que argumentos você apresentava para as pessoas?

Sim,nas últimas eleições eu fiz esse trabalho, eu sou um cara que tô na politica a muitos anos, já fui filiado em partidos de direita e hoje estou em partidos de esquerda. Fui de grêmio estudantil,fui de DA em faculdade, de concorrer a chapa de DCE,enfim sempre muito ligado a politica e me despus ao debate e tive uma boa procura, foi uma surpresa agradável. A ideia pra mim inclusive surgiu quando algumas pessoas inclusive passaram a me procurar espontaneamente pra pedir minha opinião sobre  as eleições e tiveram casos onde por exemplo a pessoa falou assim: "Olha eu não gosto da esquerda,primeiro turno por exemplo,não gosto da esquerda e aí o que você sugere?" E eu falava,qual que é o seu lado direita,esquerda,centro. E ela: Acho que sou um pouco mais pro centro, então apresentei os candidatos de centro, eu não fui pra ganhar o voto nesse caso,no segundo turno eu achei importante fazer um trabalho com um partido que pra mim tá completamente desgastado e que pra mim não seria o ideal de ir pro segundo turno que era o PT, mas acabou sendo a opção e contra um cara que representa tudo que há de pior não só na politica como no ser humano. Preconceituoso,tá aí envolvido cada dia mais em casos de corrupção que a gente já sabia que ia aparecer cada dia mais e que continuam aparecendo,dele e da família dele,mas enfim,foi importante,foi um processo muito interessante  que várias pessoas me procuraram e eu pude trocar uma ideia com várias pessoas dos dois lados,tive diálogos muito bons. Os diálogos que não eram proveitosos eu excluía a pessoa e pronto acabou, eu não preciso passar por nêgo fazendo piadinha ignorante comigo. Agora os diálogos que eram proveitosos, as pessoas estão no meu convívio até hoje.

Você disse que o pessoal te procurou te forma espontânea, o que inclusive acho uma coisa muito bacana,por quê em geral a gente via o pessoal procurando um ao outro em clima de guerra, do tipo: "Não gosto do PT,não gosto do Lula,não gosto da Dilma" Acho até que a Dilma perdeu muito da eleição aqui por esse motivo,talvez até fosse uma candidata melhor do que os outros(não é uma opinião minha),mas por ser do PT e por ser a Dilma sofreu um complô e uma união de não votar nela,não votar no PT para que os mesmos não ficassem aqui em Minas. 

Vamos por partes, eu discordo de você que a Dilma perdeu aqui pelos motivos que você acha (Eleição 2018 ao Senado MG), eu acho que a Dilma perdeu, por causa da famosa arrogância do PT. A Dilma não fez campanha,as pesquisas devam ela muito na frente, já eleita e ela não fez campanha e aí ela perdeu, sem campanha, não tem jeito, no primeiro turno eu não vi nada do PT em lugar nenhum e eu acho que ela perdeu por causa disso

Você disse também que apresentou a menina os candidatos de centro,mesmo que você não votaria neles. Levando em conta que foi eleito um presidente que você também não apoia e que você também não concorda, dá pra acreditar que o Brasil vai dar certo ou pelo menos contradizer os defensores do presidente eleito Jair Bolsonaro de que as pessoas que não votaram nele estariam torcendo contra o Brasil e se ele der certo,vai haver apoio? Quem vota nele hoje,embora estejam pipocando os supostos casos de corrupção o que em politica não é novidade e não é fora da caixa de se pensar vai haver uma mea culpa,algo de se afirmar daqui a algum tempo que o Bolsonaro também fez um bom mandato? Já que hoje é comum mesmo entre muitos anti PT afirmarem por exemplo que gostaram do primeiro governo Lula,mas que o segundo foi contaminado por aqueles que cercavam o governo, um bom governo de Jair Bolsonaro é capaz de reverter a opinião de quem votou contra em um apoio futuro?

 Sim,a menina veio e eu falei: "Olha pra eu saber e tentar te ajudar é minha função até como professor,saber de que lado você está,se esquerda,se é direita, ou se é centro."  Aí ela disse que se achava mais de centro, então eu disse: "Você tem Geraldo Alckmin,Marina Silva,eu fiz um apanhado onde falava dos menores também, Meirelles,Álvaro Dias,dei essas opções" então analisando,conversando friamente cada uma dessas opções,cheguei a conclusão que se ela quisesse um lado era Marina,por outro Alckmin,o que não era o meu caso,obviamente. Ela concordou comigo,mas nunca quis saber o voto dela depois,enfim,foi só uma opinião que ela pediu. Essa questão de torcer contra,se vai dar certo ou apoio é complexo também, mas vamo lá, ninguém tá torcendo contra, é por que realmente,até pela forma que foi a campanha e da forma que começou é muito difícil de dar certo mesmo. Você citou o caso do Lula e eu cito o caso pra você do Fernando Henrique Cardoso, não dá pra falar no Fernando Henrique Cardoso no governo dele,sem falar que o cara acabou com a inflação, não tem jeito de falar: "Oh Fernando Henrique só privatizou,foi péssimo,sendo que o cara acabou com a inflação." Então teve os aspectos positivos,todo governo tem as coisas positivas e negativas. O Bolsonaro é muito difícil, por que ele é um despreparado,politicamente ele nunca fez nada em trinta anos,só mamou na tetinha,além de tudo esse discurso de ódio dele,assim,é o viés da campanha dele,pode ser que dê certo,mas acho assim,muito difícil que dê certo, pelos ministros que ele escolheu,pelo que ele já tá falando que vai fazer,então serão anos difíceis pra educação,anos difíceis pra assistência social,serão anos difíceis pro povo brasileiro,por quê é um governo que nem entrou e já está mostrando pra que veio,então é complicadíssimo de dar certo,agora torcer contra,ninguém torce contra,a gente só aponta as falhas,isso chama-se oposição.

Tivemos nas duas última eleições presidenciais uma polarização e divisão de votos colossal, tendo como pano de fundo esquerda,direita,extrema direita,discurso de ódio, ódio a um partido,fake news de todas as formas enfim uma guerra muito grande em busca do voto da população. Você como professor de história consegue imaginar como os livros de história vão explicar esse período conturbado da nossa política?

Essa última eleição presidencial,que na verdade não é só essa última eleição presidencial,você pega do impeachment da Dilma até hoje,até um pouco antes,2013 com as manifestações foram essa leuma aí que vai ser difícil explicar. Eu brinco que professor de história tinha que ganhar mais pra explicar coisas e essa confusão toda,mas assim, tentando simplificar um pouco a coisa é uma rotatividade , onde a esquerda estava queimada por causa de um partido centro esquerda que governou durante muitos anos  e teve sim envolvimento em diversos esquemas de corrupção e decepcionou muita gente e aí por ser de esquerda foi mais atacada ainda do que seria se fosse de direita,normal também. E aí entram num ciclo onde as pessoas começam com um pensamento conservador, é uma coisa bizarra de compreender,que eu entendo,mas que pra explicar é complicada mesmo. A gente vai passar ainda por momentos,eu creio,que não acabou ainda, um período de cinco anos complicado e a questão das fake news é isso, as fake news ganharam a eleição e com caixa dois ainda por cima, crime eleitoral foi normal digamos assim nessas eleições e ninguém fala nada sobre isso. Demonizaram um partido que nem é o mais corrupto de todos,sendo que tem outros muito piores e agora é isso, vamos aguentar aí e vamos ver como vão ser os próximos anos de um governo que já começou dessa forma, nem começou na verdade e já envolvido em escândalo,fake news,caixa dois e enfim funcionário fantasma e por aí vai.

Você tem uma definição política bem esclarecida,conhecimento sobre o assunto e conhece muita gente do meio até por já ter sido filiado a partidos políticos. Já pensou em tentar algum cargo eletivo para ter ainda mais ações em prol da população?

Pois é,essa pergunta sua é algo que me falam sempre. Eu sempre curti mais os bastidores da politica,trabalhei em diversas campanhas politicas, a política é uma cachaça mesmo,você se envolve e tudo mais e quando você olha,você está ali naquele vício de campanha, politica e tal. Eu saí de um partido prometendo jamais me filiar a outro e olha eu filiado aí de novo, já entrando no partido a um tempo já e antigamente eu te responderia: "Olha,não tenho pretensão", hoje eu vejo mais necessidade,entendeu,eu acho que seria isso mesmo,eu teria muito a contribuir se eu entrasse num cargo publico. Então hoje eu vejo essa possibilidade por necessidade, pra ajudar as pessoas, ajudar as ocupações onde eu faço trabalho,ajudar os moradores de rua que eu trabalho com eles,fazer um algo a mais por essas pessoas,fico bastante amarrado trabalhando apenas de voluntário,então eu vejo que quanto mais eu tiver esse poder entre aspas,mais eu poderei estar ajudando essas pessoas,então hoje eu penso nisso,mas não seria uma coisa pra agora também não,teria que ter um trabalho de base,num é ser candidato só pra ser candidato também não, é ser candidato pra ser lá um cargo de vereador da vida e a partir daí. É um pensamento novo que surgiu nos últimos anos na minha cabeça. 

Pra você ver como é a situação eu e você temos nossas discordâncias políticas,me recordo da sua participação em campanhas de políticos de direita e é como você falou a política é uma cachaça, discutir política não, isso é necessário,por isso até falamos da situação da escola sem partido,quanto tanto da escola ter questões mais práticas do que técnicas na escola, ao invés as vezes da criança ter o foco em logaritmo, ele aprender o que um vereador faz? O que um governador faz? Quanto tempo esse cara vai ficar no governo? o que ele pode fazer por mim?O que ele não pode fazer por mim? O que eu posso cobrar dele? Por achar que você é uma pessoa que possa contribuir,mesmo que aos poucos como você disse que eu te fiz essa pergunta. Dá pra pensar realmente nisso, talvez não pra uma próxima eleição,chegar lá e ser mais um no meio do monte de candidatos,mas de adquirir base,trabalhando ao lado agora de gente que tem o pensamento parecido com o seu e se candidatar a um cargo eletivo pra ajudar tanta gente?

Quando a gente mergulha nessas causas a gente acaba querendo ajudar cada vez mais. A minha antiga chefe já que hoje eu trabalho mais na área de assistência social falava comigo: "Fred, você não vai conseguir tirar todo mundo da rua",mas eu trabalho pra conseguir tirar o maior número de pessoas possível da rua e não é pelo trabalho, por que o serviço não me dá essa perna, nunca me deu e já deixaram bem claro pra mim que a gente não tira as pessoas da rua,a gente dá o básico pra eles.E pra mim isso não serve,então eu tento fazer o máximo que posso por fora do trabalho pra tirar aquelas pessoas da rua e é claro que se eu tivesse um patamar acima eu ia fazer mais,quanto mais acima eu tiver,mais eu vou poder fazer,por isso que eu falei: "É,talvez eu tenha a necessidade sim" De pleitear futuramente,mas uma ideia como te falei que surgiu tem pouquíssimo tempo na minha cabeça e que tô trabalhando ainda nisso, por que como te falei,eu sempre curti bastidores,nunca fui de colocar a minha cara a tapa,os holofotes não eram comigo,conheço gente que cresceu politicamente comigo,que não pode ver um palco e um microfone que vai lá, eu não, eu já gosto mais de bastidores,mas tudo é pensamento ainda.


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