segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

A garota não padronizada



As pessoas vão tentar com que ela seja presa dentro de uma redoma.

Cercada de cuidados e valores que a sociedade moderna tanto pede para uma mulher padrão, uma mulher tida como perfeita, irretocável, sem chances de se perder em meio ao caminho.

Mas por que ela não pode trilhar o próprio caminho, mesmo que ele pareça fora da curva.

Por que deixar que julgamentos antecipados e recheados de uma leve hipocrisia machista ou até mesmo de mulheres mais "conservadoras" possa segurar o impeto daquela que quer mudar o mundo.

Quem sabe um dia esses que tanto julgam de forma prévia ignorem esses julgamentos e deem vazão a magia por trás de um simples olhar de alguém mais atento e mais liberto do que eles possam imaginar.

Liberdade essa que faz com que um punhado de virtudes seja posta a frente, mesmo que silenciosas elas fazem um estardalhaço enorme. 

Quanta maturidade a irresponsabilidade nos trouxe, daquelas de fazer coisas incríveis pelo puro prazer de saber que se não der certo agora vai dar certo adiante ou melhor, fazer pra dar errado mesmo e que possamos dar boas risadas de tudo isso depois.

Mulheres de passado amargo para contrapor o doce dos seus lábios ao serem beijados,daquelas que embrulha o estômago ao receber flores, mas que vibra com o sexo bem feito tal qual a alegria que encara uma panela de brigadeiro. 

Para essas não a palavras a se economizar, muito temos a dizer.

Até por que com tanta dedicação para se sair da caixa podemos dizer que elas são a inspiração para nossa superação a cada início de semana, para cada medo que nos faça sobressaltar para cada novo ponto que tento adicionar as minhas histórias passadas e com bastante vontade de serem esquecidas.

O sorriso tímido,quase lacônico, escondendo por muitas vezes a travessura presente em uma mulher que tem a safadeza oculta dentro de si prestes a despertar quando ela bem entender ou quando soar o gongo dentro do seu peito. 

Dá saudade de gente assim.

Livre, incapaz de esconder seus anseios e as suas boas histórias até por que isso nos ajuda a perceber como era a nossa vida antes de parecermos tão bons moços, samaritanas e carolas.

A paixão é um caldeirão efervescente de tamanha coragem que essas moças ora frívolas,ora sagazes são capazes de nos entregar.

É egoísmo puro fugir dos sentimentos sinceros, aqueles que surgem sem aviso e arroubam nossa vida dando a ela cores verdadeiros da nossa alma. Sou assim, como sou,por que quero ser.

Sincericídio puro, metralhadora de verdades. Amar não é fácil sabemos disso,mas por que amar alguém que se encaixe nos padrões da sociedade e não aos nossos padrões.

É preciso ouvir mais o coração. Ter a sensibilidade necessária para isso.

E ao sair do padrão essa moça adquire todos os ouvidos voltados para si, as vozes de falácias mais ainda. Ela vai ouvir muito, falar muito e ser maldita por diversos, mas pouco importa, falem bem, falem mal, mas falem dela,sobre ela.

Ela não teme entregar seus sentimentos. 

É como se colocasse a chave de casa no bolso da calça jeans e saísse por aí pra curtir as amigas, encontrar um novo e belo amor, sem receio, sem temores. Com naturalidade sem igual.

Com o tempo a idade chega e a nossa vida perde parte das luzes,dos confetes, ficamos mais comedidos,mais quietos e digo mais: Ficamos chatos.

Passamos a pensar nos cálculos ao invés de executa-los, planejamos muito por coisas que muitas vezes jamais vamos tentar.

Quantos eu te amo você já disse?

Quantas vezes você quebrou a ficha?

Quantas vezes enfiou o pé na jaca?

Percebeu que agora só de ouvir coisas como essa já bate o cansaço. 

A vontade de deitar,dormir e não sair por ai quebrando paradigmas é incontrolável.

Imaginar passa a ser uma arte de quem pouco faz.

Uma pena medir nossa entrega para com a vida assim. 

Demoramos a perceber que só temos uma chance de realizar,uma chance de viver.

Dá medo? Claro que dá!

Medo diário de ficar pra trás,não realizar, empacar na vida e se perceber um velho sem histórias para contar aos netos sobre como você fez acontecer.

Até onde tudo isso irá chegar?

Vamos perder o presente mirando um futuro que não conhecemos e que já pretendemos nos encaixar ou vamos viver e deixar o futuro para lá?


Nenhum comentário:

Postar um comentário