segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

Pais de Conveniência



Há um ditado por aí que afirma que a vida das pessoas só está verdadeiramente completa quando se escreve um livro, planta-se uma árvore e se tem um filho.

Basicamente o ditado diz aquilo que deve ser feito sem necessariamente prolongar sobre a qualidade daquilo que é feito.

Eu explico.

Pode-se escrever livros e mais livros, publica-los a torto e a direito, mas não significa que o conteúdo do seu livro é de fato bom para que as pessoas leiam e se interessem por ele.

Da mesma forma que se pode plantar dezenas de mudinhas de planta que poderiam se tornar uma árvore, mas pouco adiantará se a mesma não receber um cuidado necessário para que cresça, tenha frutos e nos dê sombra.

Filhos então mais ainda, tendo como adendo que quando os pais não criam seus filhos o mundo trata de ajeita-los da forma que bem entender e isso pode ser bom ou ruim.

Apenas colocar o filho no mundo não dá a ele a noção de que vai ficar tudo bem ou tampouco os ensinamentos necessários para ele aprenda que a vida vai ter perdas e danos. Que a vida vai dar muitas voltas.

Infelizmente são muitos casos onde as pessoas jogam crianças no mundo. Um punhado delas é deixado ali para fazerem de suas vidas o que bem entenderem enquanto os pais se preocupam mais com o próprio umbigo.

É uma pensão gorda do ex marido. 
É uma avó que cuida enquanto o pai vai pro pagode.
Pais que tem afazeres mais "importantes" para suas vidas maquiadas do que administrar e cultivar seus pequenos.

Lá na frente a vida cobra.

Pelo bom ou mau caminho o filho aprende que poderia ter sido mais valorizado, bem cuidado e claro ter ganho mais carinho e amor daqueles que se dizem pais ao invés de ganhar foto com legenda bonitinha no Instagram nas datas especiais para que os Paizões e super mães ostentem o lado amoroso deles.

Mais dia ou menos dia não só pelas  mãos, gestos e palavras dos filhos esses pais lamentaram o tempo perdido o sorriso não ganhado ou aquele momento crucial que perderam enquanto enchiam seus copos na balada ou faziam sabe-se lá o que.

Ao nascer de um filho o mundo gira e ganha um contorno alegre, cores novas e fortes que nem sempre é compreendido por todos.

Você ganha um presente divino, mas que não será um bibelô colocado na estante ou deixado em casa para que você sustente seus caprichos enquanto o filho cresce sem te ver e saber quem é você.

Até que seus filhos tenham discernimento próprio e saibam o que é certo ou errado vai ser preciso acompanhamento. E acredite você não perde em nada ao dormir horas a menos para velar o sono daquele que um dia vai crescer e ganhar o mundo sabendo que você um dia ganhou o mundo por ele.

Não é fácil.
Você não se torna um super herói para toda a vida quando se tem um filho. Isso é mentira.
Mas você pode sim se tornar o super herói do seu filho.

Ser para ele aquele que detém as mais importantes palavras ou um simples afago na cabeça, um beijo de bom dia que seja.

Não importa que você não tenha tido exemplo forte dos seus pais. 
Você não precisa ser como eles o tempo todo. 

Se eles foram bons para você no cuidado e no carinho é hora então de você supera-los, tal qual o aprendiz supera o mestre. 

Se foram ruins, mais um motivo para que você tenha um zelo maior ainda para com os seus. 
Você sentiu na pele!
Você sabe como foi ruim ver que você era uma peça involuntária na vida de alguém e agora pode e deve fazer diferente.

Que lá na frente na sua velhice você não repita para si aonde errou ou o que você deixou para trás.
Apenas olhe a sua volta e observe a recompensa pelo que você fez e criou para o mundo.

O mundo vai te agradecer, criar legado e imortalizar na cabeça daqueles que realmente importam.

Você não vai parar de viver, saiba disso, mas vai diminuir o ritmo por um tempo e administrar uma nova vida e não um novo obstáculo.

Você deve escrever um novo capítulo e não apenas saltar páginas. 

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